Cartas do Coração

Capítulo LXXXV

Advertência amiga



Enquanto no corpo, ainda mesmo quando extremamente beneficiados pela colaboração da fé renovadora, formulamos concepção muito diversa da “outra vida” que, no fundo, é a nossa vida real — aquela que nos retêm invariavelmente, depois das experiências terrestres.

Não conseguimos imaginar a partida para a ocasião em que se verifica, porque, embora soubéssemos o veículo menos habilitado a maior permanência no mundo, aguardávamos novo ensejo de continuação ao lado dos nossos, no mesmo caminho.

Na realidade, o homem nunca se prepara à frente do túmulo e as nossas dificuldades crescem, ante as preocupações que a distância compulsória nos impõe.

O corpo perispiritual herda, por muito tempo, as deficiências da vestimenta da carne, principalmente quando o nosso poder mental se demora arraigado à luta que deixamos para trás. Compreendo, agora, que as melhores gemas e os tesouros mais preciosos passam por nós, na Terra, sem que cogitemos de amealhar-lhes os valores eternos.

Não conheço, hoje, mais alta riqueza que a do espírito e só agora observo que semelhantes bens devem ser procurados pela nossa compreensão, abertas às lições que o mundo nos oferece.

A romagem do espírito, na Terra, é longa e difícil e mais vale ao homem — viajor em trânsito no mundo, — o diamante da verdade e do amor, no coração burilado para Jesus, que os cofres repletos de preciosidades materiais, destinadas ao jogo dos fenômenos financeiros, efêmeros e menos edificantes.

A existência tem muita alegria para conferir-nos e, quando estiver ao nosso alcance, cresçamos no conhecimento divino, para melhor servir às Forças do Alto.

Jesus nos ajudará. Confiemos n’Ele.

E, deixando que nossa alma se prenda a essa doce esperança de reunião final, em derredor da Luz Divina, peçamos ao Senhor nos conceda renovadas bênçãos de paz e confiança, para perseverarmos no bem, até ao fim do bom combate.