Cartilha da Natureza

Capítulo XIV

A terra e o lavrador



Nos quadros da Natureza,

A terra e o cultivador

São personagens sublimes

Do livro do Pai de Amor.


A terra mais seca e dura

Conserva, no coração,

As bênçãos da Luz Divina

Que fornece o nosso pão.


E o lavrador é o amado,

A mão simples, meiga e boa,

Que regenera e semeia,

Que cultiva e aperfeiçoa.


Pesados desbravamentos,

Arado rude a ferir…

Humilde, dilacerada,

Toca a terra a produzir.


Quanto mais a enxada vibre

No sulco forte e profundo,

Mais a flor promete fruto,

Mais o celeiro é fecundo.


Muita vez, o solo agreste

É lama desamparada,

Mas a mão do lavrador

Traz a vida renovada.


Onde queimava o deserto

E o calor não tinha fim,

Brincam asas buliçosas,

Cantam flores de jardim.


Quem não viu da própria estrada

O esforço do lavrador

E a terra aberta em feridas.

Dando a riqueza interior?


Assim, no mundo, a alma pobre,

Inda vil, inda assassina,

Oculta a fagulha excelsa

Da Consciência Divina.


E a dor, nossa grande amiga,

Na terra do coração,

É o lavrador bem-amado

Da vida e da perfeição.