É um exemplo de bondade O esforço nobre do oleiro, Cuja grande atividade Tem a base no lameiro. Muitos sentem aversão Por sua tarefa hostil, Dedicada, dia e noite, Ao barro nojento e vil. Seu trabalho é quadro rude Que a lama invade e não poupa, É barro, por toda a parte No rosto, nas mãos, na roupa. Seu serviço é tão ingrato Junto à massa indefinível, Que a tarefa mais parece Um sofrimento invencível. Mas todo barro mais pobre, Ao toque do seu amor, Fornece os vasos divinos De formosura e valor. Quanto mais tempo e trabalho, Mais triunfa, mais se ufana… E vemos a lama escura Transformada em porcelana. Além dessas joias raras De sublimes expressões, É o oleiro quem dá corpo As vossas habitações. O tijolo faz a casa, A telha cobre a mansão, O homem ganha o seu lar Que é templo do coração. Nas estradas de miséria, Não mais éramos que lama, E eis que o Mestre no Evangelho Nos esclarece e nos chama. O Cristo é o Divino Oleiro Que opera com perfeição; Somos nós o barro vil, Guardado na sua mão. |