Nem todos identificam, No curso de todo o dia, A lição maravilhosa Que vem da carpintaria. Madeira escura e selvagem, Do seio da natureza, Vem de longe por buscar A forma e a delicadeza. Ao rumor do maquinismo Que se agrupa na oficina, O artífice representa A Inteligência Divina. A serra corta vibrando, A enxó elimina a aresta, O torno canta a harmonia, Tudo em júbilos de festa. O esforço de seleção Efetua-se a capricho; Sujidades, excrescências, São matérias para o lixo. A simples madeira bruta, Na grande transformação, Brilha agora na obra prima De serviço e perfeição. Todavia, para isto, As peças e os elementos Submeteram-se humildes À pressão dos instrumentos. Assim também a alma humana, Na oficina da existência, Precisa submeter-se Às plainas da experiência. Recordemos, sobretudo, Com humildade e com fé, O Divino Carpinteiro Que passou por Nazaré. Busquemo-Lo nos caminhos, E atende, meu caro irmão: Se queres a Luz da Vida Entrega-lhe o coração. |