Cartilha da Natureza

Capítulo XXXII

O botão



Na extrema delicadeza

Da verdura perfumosa,

Destaca-se pequenino

O tenro botão de rosa.


Não há sinal de corola,

Vê-se apenas que começa

A surgir a flor divina

Num cálice de promessa.


E às vezes, nas alegrias

De doce festividade,

Espera-se pela rosa

No caminho da ansiedade.


Deseja-se a flor robusta

Com que se adorne a beleza,

Mas não há lei que perturbe

Os passos da Natureza.


É certo que toda rosa,

Como joia de paisagem,

Nunca pode prescindir

Do zelo da jardinagem.


Precisa tempo, entretanto,

Na sombra e na claridade,

Requerendo orvalho e sol,

Noites, chuva, tempestade.


Por crescer, pede cuidado

Nos inícios da existência,

Mas, morrerá com certeza

A golpes de violência.


Assim, também, quase sempre,

A muita crença em botão

Tentamos impor, à força,

A nossa compreensão.


Toda crença é patrimônio

Que não surge improvisado;

É a rosa da experiência,

Em terras do aprendizado.


Se tua alma vive em festa,

Na fé que pratica o bem,

Ajuda, coopera e passa…

Não busques torcer ninguém.