Pelo bem da roupa limpa Não se esqueça a criatura Dos serviços que custou O esforço da lavadura. Raramente se recorda, Na tarefa rotineira, O trabalho, o sacrifício Do campo da lavadeira. Porque; em verdade, a tarefa Inclui disciplina e dores, Não se lava roupa suja Usando perfume e flores. Por limpar-se no caminho Necessário à experiência, Não foge à imersão completa Nas águas da Providência. Não dispensa o gosto amargo Do concurso do sabão, Alijando-se a bagagem De sujidade ou carvão. Passado o atrito da esfrega, Que impõe cansaço e aspereza, Transporta-se ao coradouro, Apurando-se a limpeza. Depois, é a volta bendita À água cariciosa, Que atende à saúde humana, Com bênçãos de mãe bondosa. Qualquer recurso ao lavar, Com sabão ou corrosivo, Requisita paciência, Vigilância e esforço ativo. O serviço dessa ordem Faz lembrar ao pensamento A lavadura precisa Às roupas do sentimento. Vivamos tranquilamente, Sem olvidar, entretanto, Que nossa alma necessita Lavar-se em suor e pranto. |