Dentre todas as paisagens, Talvez a mais bela e estranha, É aquela que se observa Na solidão da montanha. Dura e estéril muitas vezes, Deserta, triste, empedrada, A montanha nos parece A terra amaldiçoada. Entre as rochas do seu corpo, Florescem cardos somente; Flores rudes e espinhosas Da soledade inclemente. Seus píncaros elevados, Na figura da paisagem, Chamam somente a atenção Do espírito de coragem. Comparada ao movimento Do vale em relva macia, Fornece a impressão penosa Da aridez e da agonia. Entretanto, em todo tempo, É a sua força que encerra O amparo caricioso Aos vales de toda a Terra. Sem sua dureza agreste, Repleta de solidão, As planícies morreriam Por falta de proteção. É ela a mão silenciosa Da energia que produz; No seu cume nunca há sombras, Seu dia inteiro é de luz. No mundo, as almas do amor, Mais sábias, mais elevadas, São montanhas que parecem Estéreis e desprezadas. Todavia, é o sacrifício, De sua desolação, Que sustenta em toda a vida Os vales da evolução. |