Cartilha da Natureza

Capítulo LXI

O tronco e a fonte



Um tronco frondoso e verde

Erguia-se além da fonte.

Perto, o solo pobre e seco,

Longe, as luzes do horizonte.


Certo dia, disse a fonte:

— Dá-me a sombra de teu galho,

O duro chão me consome,

Dá-me teu brando agasalho!…


Respondeu-lhe o tronco antigo:

— Vem a mim! serei feliz!…

Serás a seiva da seiva

Que me alimenta a raiz.


Desde então, o tronco e a fonte

Uniram-se a plena luz

Da grandeza que dimana

Da bondade de Jesus.


O tronco reconheceu,

Vibrando de terno amor,

Que a fonte era a mãe bondosa

De sua seiva interior.


E a fonte viu nele o pai

De sua imensa alegria,

Repousando em sua paz

Nas lutas de cada dia.


Desde então, cantaram hinos

De hosanas ao Criador,

Entre frutos dadivosos,

Na estrada cheirando à flor.


À raiz, a água da vida

Levava consolação;

E o tronco elevou-se ao Céu

Com a fonte no coração.


Houve sol e sombra amiga,

Flor e frutos na ramagem;

Cantigas de passarinho,

Harmonizando a paisagem.


Duas almas que se irmanam

Na luz dos afetos seus,

São esse tronco e essa fonte

Guardados no amor de Deus.