Em torno, o despovoado, Os lençóis de areia ardente… O viajor vive o seu drama Doloroso e comovente. Nenhuma vegetação, Nem a bênção de uma fonte, O quadro é desolador, Embora a luz do horizonte. Cansado de sede e fome, Sofre e sua, sonha e chora, Desde a aurora rutilante As promessas de outra aurora. Pede em vão, suplica a esmo, No auge das aflições, Guardando nalma ansiedades, Angústias, recordações. O vento levanta a areia, Desfigurando as paisagens, E o pobre sorri chorando Na carícia das miragens. Concentra-se, avança mais, Quase morto de alegria; Contudo, desfaz-se a tela Dos planos da fantasia. Arrasta-se amargamente, Ralado de desventura, Mas, na última esperança, Surge um canto de verdura. É o oásis que o Senhor, Atento à nossa viagem, Mandou para os caminheiros Que persistam na coragem. Nos trabalhos deste mundo, Em rumo obscuro, incerto, Muita vez encontrarás Inclemências do deserto. Deus vela. Prossegue a luta, Sem lamento, sem gemido… Atingirás, talvez hoje, O oásis desconhecido. |