Aos que aprendam no silêncio, Sem sombras e sem entraves, Há sempre grandes lições No voo comum das aves. Todas elas têm nas asas Um dom formoso e excelente, Mas cada grupo utiliza-o De maneira diferente. Recordemos que a avestruz, Exemplo que mais destoa, É a maior das grandes aves, Muito bela, mas não voa. As galinhas igualmente, Queridas e admiradas, Se voam alguns segundos, Caem trêmulas, cansadas. Os patos, perus e gansos, De grande conformação, Toleram somente os voos Que os arrastem junto ao chão. Os corvos pairam no alto, Mas o abutre da preguiça Aproveita a elevação Para a busca de carniça. As andorinhas, porém, Librando no azul da esfera, Esquecem o inverno e a lama, Procurando a primavera. A pomba bondosa e terna Sobe, sobe, além dos montes, E presta serviços nobres Devorando os horizontes. Entre os homens, vê-se o mesmo, Nos caminhos da existência; A ninguém falta na, Terra As asas da inteligência. Há, porém, muita avestruz, Muitos corvos e galinhas, E em todo o lugar são raras As pombas e as andorinhas. |