A sombra desce de manso, O silêncio volve aos ninhos, É a noite cariciosa Que se estende nos caminhos. Na casa pequena e simples Que é refúgio da pobreza, É mais densa a escuridão Que amortalha a Natureza. Mas no quadro desolado Perpassa a bênção do amor, A candeia humilde e rude Clareia do velador. Na sala desguarnecida Da morada carinhosa, Sua luz mostra a beleza De uma estrela generosa. Aproveita-se-lhe o encanto Na esfera da utilidade, Mas quase ninguém lhe vê O espírito de humildade. Seu processo de ajudar, Nas sombras da noite escura, Revela lição sublime Ao plano da criatura. Por servir de fonte calma Ao clarão bondoso e amigo, Ela queima a provisão De tudo que tem consigo. Consome o óleo, a torcida, Perde o brilho, perde a graça, Suporta o calor do fogo, Sofre o assédio da fumaça. E guarda, com Deus, a glória De haver produzido o bem, Sem ferir qualquer pessoa, Sem prejuízo a ninguém. Quem deseje iluminar, Proceda como a candeia: A si mesmo se ilumine Sem reclamar luz alheia. |