Enquanto vibra o calor Do verão, em luz florida, A capa confortadora Permanece recolhida. Em tudo há sol claro e quente, Após a bênção do orvalho… Oculta-se a capa amiga Nas reservas de agasalho. Entretanto, chega um dia, Que surge na imensidade, Envolto de sombras frias E sopros de tempestade. Rajadas dilacerantes Invadem a atmosfera, Não mais a carícia doce Das tardes de primavera. De outras vezes, muito embora Cesse a grande ventania, Continua o inverno forte, Torturando noite e dia. Ar gelado, névoas densas Ao longo de toda a estrada, Se a neve não cai do céu, A terra sofre a geada. É quando a capa bondosa Aparece no caminho, Como a terna mensageira Do consolo e do carinho. Requestada em toda a parte, No tempo frio e brumoso, Trabalha, conforta e ajuda, Sem as pausas do repouso. Assim, no inverno das dores Que trazem desolação, A crença é a capa celeste Que agasalha o coração. Mas no mundo há muito crente, Que quando padece e chora, Desatende a Providência E atira com a capa fora. |