No gabinete isolado Dos serviços de escultura, Há muita coisa que ver Com a vida da criatura. O mármore chega em bloco Dos centros da Natureza, Em trânsito para o campo Do espírito e da beleza. É pedra, vai ser tesouro; É rude, vai ser divino; Todavia, não se sabe Quando chega ao seu destino. Golpe aqui, golpe acolá, O artista começa a luta, É o sonho maravilhoso Amando a matéria bruta. As arestas vão caindo… É a carícia do martelo Desponta o primeiro traço Vigoroso, firme e belo. O cinzel fere e desbasta, E, às vezes, pede o formão. O artista prossegue atento Dando vida à criação. Golpes fundos, ferimentos… Mas, eis quando se aproxima O termo do esforço longo Na aquisição da obra prima. Depois, é a joia formosa, De valor alto e profundo, Que as fortunas de milhões Não podem fazer no mundo. Esse mármore da Terra, No fundo, é qualquer pessoa, O artista é o tempo, e o cinzel, A luta que aperfeiçoa. Quando os golpes de amargura Te cortarem o coração, Recorda o cinzel divino Que dá forma e perfeição. |