Quando passes no caminho, Dando luz ao pensamento, Não deixes de meditar Na doce missão do vento. Quem lhe imprimiu tanta força? Donde vem? de que maneira? Parece o sopro do céu Alentando a sementeira. Une as frondes amorosas, Acaricia a ramagem, É um fluido caricioso Amenizando a paisagem. É o mensageiro bondoso Da alegria e da abundância, Trocando os germens da vida, Vencendo a noite e a distância. De outras vezes é um amigo Com fraternas exigências, Que pratica nos caminhos Profundas experiências. Se a flor é infiel à seiva Que lhe deu força e guarida, O vento condu-la ao chão, Só deixando a flor da vida. Seu papel na Natureza Vai da vida, à seleção, Permutando os germens puros Das sementes de eleição. Também, na vida da Terra, A função do sofrimento Parece identificar-se Com os fins da missão do vento. Troca ele as nossas almas, Mata as flores da ilusão, Refunde os nossos valores Em nova fecundação. O turbilhão de amargores É mais vida envolta em véus, Povoando a nossa estrada Com os germens da luz dos Céus. |