Céu sereno luminoso, Entretanto, avulta em cima Um ponto sombrio e triste — É a nuvem que se aproxima. Quem mirar o firmamento, Descansando a luz do olhar, De súbito, experimenta Doloroso mal-estar. Dilata-se o ponto negro, Em todo o céu que se altera, O calor é intolerável Na pressão da atmosfera. A planta parece aflita, Mergulhada em solo ardente. O vento para . O caminho Sufoca penosamente. Vem a nuvem dividida Em vastíssimos pedaços, Atritam-se os elementos Em confusão nos espaços. Em breve, porém, a chuva, Em gotas cariciosas, Mata a sede das raízes, Lava as pétalas das rosas. As folhas ganham verdura, A estrada se modifica, É a seiva do céu que cai, Profusa, bondosa e rica. Aí, reconhecem todos Que a nuvem, como ninguém, Sabia trazer, consigo, A paz, a alegria, o bem. Assim, a nuvem da vida Do infortúnio e da desgraça, Vem sombria e dolorosa, Chove lágrimas e passa. Um homem, depois das dores, É mais lúcido e melhor. Toda sombra de amargura Traz consigo um bem maior. |