Chico no Monte Carmelo

Capítulo XIX

A beleza de uma alma



Em 1956, Chico esteve conosco na última semana de julho. Já em agosto, quem sabe nos primeiros dias, enviava a resposta a uma carta que lhe remetera nosso irmão Joaquim Veloso de Matos. E nessa carta Chico demonstra toda a sensibilidade que lhe vai n’alma. Numa verdadeira resenha sobre nosso “Monte” espírita, vai desfilando nomes.

A cartinha do próprio punho, ou melhor diríamos, manuscrita, feitio do Chico, não foi muito respeitada pelas traças. Por isso, vamos trasladá-la como hoje a temos, e embora danificada pelas traças, constitui para nós, valioso patrimônio:


Eis:

Pedro Leopoldo …/8/1956

Meu Caro Veloso,

Jesus nos abençoe.

Com grande alegria, recebi sua carta generosa e amiga, portadora de muito conforto para minhalma e, com todo o meu coração, bom amigo, agradeço-lhe a carinhosa lembrança.

Vocês todos estão em minha saudade e em meu reconhecimento. Minha viagem a Monte Carmelo foi para mim verdadeira bênção de estímulo e rogo ao Senhor recompense a todos vocês pela imensa felicidade que me proporcionaram. Meu bom irmão, diariamente nossa irmãzinha Santa está em nossas preces e aguardo notícias dela, sim? Não sei se o caro amigo e D. Olímpia já viajaram com a nossa estimada… para Uberaba. De qualquer modo estamos em oração diariamente, rogando ao nosso Divino Médico nos ajude a vê-la melhor. Que Deus nos ampare e abençoe.

Aos queridos Familiares, envio o meu grande abraço, que torno extensivo ao nosso Napoli, ao nosso Coriolano, ao nosso Jorge, ao nosso Orcalino e a todos os nossos caros irmãos e companheiros de ideal nos dois templos de nossa fé que aí se erguem repletos de amor e luz. E, esperando que você esteja muito fortalecido em suas abençoadas lutas, reúno você e D. Olímpia, num grande e afetuoso abraço, o seu irmão e servidor muito grato,



Como se vê, como se sente, quanta saudade a carta nos provoca. Nela sentimos a simplicidade do Chico. A lídima preocupação com as pessoas. Como exemplo, a referência à nossa querida Santa, sobrinha do irmão Joaquim Veloso que, à época estava enferma. Diz ternamente o querido companheiro: “De qualquer modo estamos em oração permanente…”

Agradece a todos, “pela imensa felicidade que me proporcionaram”.

O abraço à família espírita carmelitana:

“Aos seus queridos Familiares, envio o meu abraço” e o estendo “ao nosso Napoli, ao nosso Coriolano, ao nosso Jorge, ao nosso Orcalino e a todos os nossos caros irmãos e companheiros de ideal nos dois templos de nossa fé”.

Por esse tempo, a cidade só contava com dois Centros Espíritas, o “Humildade, Amor e Luz” e o “Luz e Caridade”. Hoje, são nove as casas espíritas em Monte Carmelo.

Ao depararmos com esses nomes perfilados na generosa lembrança do nosso Chico, a saudade nos povoa o ser. São companheiros muito queridos ao nosso coração. E muitos deles já se mudaram para outras localidades, inclusive para “outras moradas da Casa do Pai, como é o caso dos irmãos Coriolano Cardoso, Jorge (Jorginho Fernandes), e o próprio destinatário da correspondência, o nosso querido Veloso, bem assim a nossa amada irmã Olímpia.

Que Deus abençoe a todos, do remetente aos destinatários.