Chico no Monte Carmelo

Capítulo VII

Espiritismo e estudo



O Espiritismo não pode ser, assim, uma doutrina estanque nas manifestações exteriores. Nem costumes automáticos, nem atitudes enquistadas por votos de confiança.

As assembleias em que se exprime, quais aquelas dos cristãos primitivos, devem ser reuniões de intercâmbio cultural, em que as letras consoladoras e educativas interpretadas pela inteligência madura, se constituam substância nutriente das almas. Em seu clima de liberdade santificante, todos os temas da vida podem passar pelo crivo da razão, enriquecendo o discernimento.

Banida pela imposição da lógica, a absurdidade dogmática cede lugar à experimentação digna em que a ciência, guinada à respeitabilidade da consciência, aclara a convicção, ensinando-a, não apenas a ouvir e ver, mas também a compreender e servir.

Eis porque um templo espírita não se resume à função do hospital para as criaturas enfermiças e torturadas, mas é, sobretudo, uma escola aberta aos interesses supremos do ser e do destino, em que todas as atividades, quando corretamente dirigidas, são aprendizados de caráter sublime, desde a simples manifestação dos desencarnados em desajuste até a preleção dos grandes mensageiros da Esfera Superior.

Do excelso Mentor que balsamizava dores físicas e curava chagas do corpo ouvimos, certa feita, a promessa preciosa: — “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” (Jo 8:32)

E todos sabemos que é preciso conhecer para renovar e renovar para progredir.

Mais que os outros sistemas de fé, o Espiritismo reconhece a necessidade do combate pacífico à praga da ignorância… Da ignorância que nos espia no lar, por egoísmo doméstico, que nos surpreende na rua, em forma de crueldade, que nos estarrece na paisagem social, em forma de delinquência, que asfixia as nações por venenoso orgulho de raça…

Restaurando o paralítico, disse-lhe Jesus: — “Levanta-te e anda” (Mt 9:5) e, despedindo a mulher sofredora, aconselhou, persuasório: — “Vai e não erres mais.” (Jo 8:11) Isso equivale dizer: — “Ergue-te e caminha adiante”, “segue e aprende a viver.”

No desdobramento de nossa tarefa doutrinária, não nos compete, pois, esquecer que se a obra espírita é apoio à solução das lutas pendentes no campo físico, é também amparo definitivo às inquietações do campo espiritual, sedento de amor e luz.




(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública da noite de 24 de dezembro de 1958, no “Centro Espírita Luz e Caridade”, na cidade de Monte Carmelo — Minas Gerais).


Essa lição foi publicada em 16-12-1995 pelo LAKE e é a 13ª do livro “” e só posteriormente em 2002, com 40 anos de atraso, veio a lume no presente livro, editado pela UEM.