Chico Xavier - Dos Hippies aos Problemas do Mundo

Capítulo XXIV

Futebol



— Chico, aqui há uma pergunta que foge um pouco ao Espiritismo. De certo modo tem relação com ele, mas é do mediador que não faz perguntas.

Esqueci de dizer a você que o Durval e o Leporace são corintianos irrecuperáveis. Então eu pergunto: esses 20 anos de sofrimento que o clube vem impondo a eles vai contribuir para o aperfeiçoamento do Espírito de ambos.

— Almir, aliás, eu ia perguntar, atendendo à sua solicitação de que o programa estava muito sério, eu ia perguntar pro Chico…

— Não, eu estou fazendo uma pergunta séria.

— Que talvez poucas pessoas saibam, mas se eu não estou enganado, também o Chico é membro da grande e sofredora torcida corintiana.

— Não, parece que não.

— Parece que sim.

— Não.

— Mas ele responde.

— Então ele mudou muito recentemente, mas ele me disse aqui, que gostava muito de Pelé e torcia pelo Santos.

— Não, não. Isso é você que deve ter imposto. Mas eu queria perguntar para ele, até quando essa provação coletiva não é…

— Ah, do Corinthians…

— É mesmo.


— Está provado então que ele é também…

— Esse “é mesmo” saiu como suspiro, porque, conquanto admire maravilhosamente o nosso mediador, o nosso caro amigo Dr. Almir Guimarães, e com quem eu me entendi com muito respeito na residência de muitos queridos amigos no Ibirapuera, a respeito do esporte em São Paulo, neste momento eu devo ser uma pessoa autêntica, eu também sou corintiano.


— Muito bem, mas Chico, uma pergunta aí dentro da pergunta: você acha que o Pelé tomou uma atitude certa, correta, ao deixar a seleção brasileira ainda em plena forma como está.

— Pelé?


— É.

— Considero que como admirador de Pelé, estimaria que ele prosseguisse.


— Deixasse a Seleção Brasileira. Era chegada a hora.

— Ah, estimaria que ele continuasse…


— Ah, que ele continuasse… jogando…

— Continuasse. Só deixasse por impossibilidade provinda de ambiente externo, mas não de uma consideração íntima em que ele subestime os valores dele mesmo.


— Estou dizendo isso porque ele é seu conterrâneo e gosta muito de você.

— Agradeço muito, eu também o admiro muito.


— Mas ele não respondeu até quando vai a provação.

— A provação vai para frente se for este o caminho, mas vamos continuando como sendo a torcida fiel.


— Vamos orar, não é?