— Vou usar de um recurso, mas muito legitimo, porque eu vou fazer duas perguntas dada à premência do tempo e a necessidade de fazê-las. A primeira é a seguinte: o texto evangélico lembra que não deve o homem separar o que Deus uniu. (Mt
— A primeira questão apresentada pelo nosso digno amigo Sr. deputado federal, Dr. Freitas Nobre, envolve o problema do divórcio no Brasil. Isso traz uma outra questão, que é a questão do desquite. Sem nenhum desrespeito às nossas leis, com absoluta veneração aos nossos magistrados, que são zeladores da nossa dignidade como povo cristão, mas os nossos amigos espirituais consideram que o desquite facultado pelo artigo 316 do nosso Código Civil de algum modo, sem qualquer irreverência, pode ser comparado, com todo o respeito nosso à dignidade dos nossos governantes e dos nossos legisladores, o desquite no Brasil pode ser comparado ao presente de um carro de luxo, que é doado sem o motor. O carro não pode funcionar porque o motor está de um lado e a estrutura do veículo de outro. No artigo número 323 do nosso Código Civil, existe a possibilidade da reconciliação dos cônjuges seja de que modo for, e a lei então aprova a reaproximação dos cônjuges que não puderam viver juntos. Então é o trazimento do motor ao carro, para que o carro venha a funcionar da mesma forma pela qual o mesmo foi considerado em dificuldade antes do reajuste. Por isso mesmo, nós, que hoje vivemos em dimensões econômicas diferentes, em dimensões de intercâmbio diferentes, dimensões comerciais, dimensões diplomáticas muito diferentes daquelas que nos caracterizavam até 1918, quando o nosso Código era herdeiro de muitas das idiossincrasias do Código de Napoleão, e já diferente da lei 4.121, de 27 de agosto de 1962, considerada como sendo o estatuto da mulher casada. Nós que vivemos hoje em dimensões tão grandes de compreensão humana, nós consideramos o divórcio como medida humana, medida legítima, porquanto dói ao nosso coração quando ouvimos, nas palavras públicas de nossos grandes magistrados a palavra, desculpem-me, a palavra concubina para designar senhoras distintíssimas, grandes mães de família que estão em segunda, terceira ou quarta união, com absoluto respeito ao regime monogâmico que impera em nossas relações. Peçamos a Deus que as nossas autoridades possam ouvir os nossos sentimentos, mas não apressadamente, porque as leis não devem se alterar de um dia para outro, para que determinadas alas de criaturas ainda não matriculadas na escola da compreensão humana, da ternura humana, venham a abusar da magnanimidade de nossos preceitos legais. Nós vamos esperar que dias melhores venham para a família brasileira, e que o divórcio possa ser consagrado, por nós todos, como medida humana, porque do ponto-de-vista espírita-cristão, muitos, talvez, afirmem: mas, e a dívida de outras reencarnações? Muito bem, mas os nossos bancos fornecem moratórias, fornecem reformas, será que o banco da providência divina está em penúria tal que não nos possa dar tempo para depois resgatarmos as nossas dívidas, com determinados companheiros ou companheiras, para que nós não venhamos a cair, muitas vezes, em delinquência, para salvaguardar os nossos interesses, a nossa integridade mental, mesmo? O divórcio é uma medida humana, mas nós devemos considerar e isso digo na condição de espírita, nós os espíritas precisamos e sabemos respeitar a maioria católica da Nação brasileira. Por isso mesmo, fazemos votos para que o Soberano Pontífice, que nós tratamos com a máxima veneração, e que suas eminências, os cardeais do Brasil, e suas excelências, os senhores arcebispos e bispos do Brasil possam também abençoar esses nossos ideais para que o divórcio venha tranquilizar tantos adultos e legalizar tantos adultos e jovens que necessitam de semelhante medida para que a paz e o amor, na fala do nosso caro entrevistador, Dr. Durval Monteiro, para que a paz e o amor reinem dentro do lar pátrio, do território brasílio, isto sem desconsiderar os princípios monogâmicos, os princípios de fidelidade que os cônjuges devem entre si, dentro das novas dimensões psicológicas em que os nossos grupos sociais são chamados a viver. Nós temos dois fantasmas que precisamos abolir do campo de vidas, que são a promiscuidade e a prostituição. Nós poderemos vencer a prostituição com a dignidade do trabalho porque, pelo trabalho, cada criatura se faz respeitada pelo rendimento de sua própria vida no grupo social e a promiscuidade pela orientação médica que vai liberar a nossa te de aventuras susceptíveis de comprometer o futuro de nossos descendentes. Mas, o divórcio, medida humana, sem nenhum desrespeito à família brasileira, que é profundamente cristã, é medida humana, mas devemos esperar que os nossos magistrados reconsiderem os pontos de vista em andamento, e que processos novos de vivência possam inspirar essa lei de libertação; que é uma lei justa em favor da paz de nossos lares com emancipação para o homem e emancipação para a mulher, sem as ilusões e fantasias do amor possessivo, do amor egoístico de um lado ou de outro, porque cada um é senhor do seu próprio destino.
Quanto à população, nós podemos dizer, podemos esclarecer ao nosso caro informante, que a população, vamos dizer, flutuante do globo terrestre é muito grande, e que orientadores de economia na Europa são unânimes em asseverar, a maioria deles, que o nosso planeta ainda comporta talvez mais de 30 bilhões de habitantes, desde que nós venhamos a explorar também as nossas possibilidades no mar, porque há toda uma flora e toda uma fauna a esperarem por nós no mar. Conversando a esse respeito há algum tempo com alguns jovens, e quando falávamos a respeito da pecuária com base na produção do anequim [tubarão-branco], um deles me disse, com muita propriedade em seu sentimento de cristão: mas, Chico Xavier, será possível que vamos viver até à morte matando para comer? Sinceramente, eu me envergonhei porque é verdade, matar, matar para comer. Mas, com base na pecuária justa, com base na economia bem dirigida, nós precisamos viver, ainda, talvez, alguns milênios, necessitando dos valores protéicos, adquiríveis na carne.
— Mas, Chico, a pergunta dos nossos companheiros de rádio envolvia um pouco mais. Eles diziam, levando em conta a reencarnação como cresce a população do nosso planeta, qual a origem desses Espíritos que reencarnam.
— A origem, a nossa origem está em Deus. Nós somos uma faixa de população visível na Terra, considerados como habitantes do Plano físico, mas em torno da Terra há toda uma população terrestre ainda eivada, ou vamos dizer, caracterizada por sentimentos puramente terrestres.
A evolução não se faz num dia e somos bilhões…