É lamentável o dogmatismo estreito das escolas científicas da Terra que teimam em não reconhecer, no seu patrimônio, uma série de conhecimentos instáveis, mesmo porque, sendo humanos, encontram-se saturados da relatividade a que se subordinam todos os fenômenos do planeta.
Esclarecidas pelas verdades do Espiritismo, a biologia, a química, a física e a medicina, no futuro, renovarão as suas concepções, investigando o complicado problema das origens, considerando-se, todavia, que a humanidade somente poderá intensificar as suas aquisições evolutivas quando buscar desenvolver a sua visão espiritual, dentro da ascensão moral na virtude e no conhecimento.
Vós outros, os encarnados, sois os primeiros a observar as maravilhas já descobertas, entretanto, bem sabeis que o homem material terá sempre um limite para as suas perquirições do invisível.
Esse limite reside na estrutura do seu olho, cuja potencialidade visual está em correspondência direta com a sua capacidade de conhecimento.
Esse “homem material” já conseguiu muito e é louvável todo o seu esforço, na elucidação de todos os problemas da vida.
No capítulo da biologia, a teoria dos “genes” tem a sua importância no drama biológico e a hereditariedade física tem o seu incontestável ascendente no seio das espécies da natureza.
Aí está, contudo, um campo imenso, onde os estudiosos materialistas somente poderão se socorrer das hipóteses inverossímeis, caso persistam em se conservar longe das verdades imutáveis do Espírito.
A ciência poderá mesmo equilibrar os elementos da gênese profunda dos seres, mas esbarrará sempre com a claridade espiritual que se irradia de todos esses movimentos, ordenados dentro de certa matemática, estranha aos homens e independente de sua colaboração.
A ciência terrestre, afinal, poderá especializar as suas atividades, surpreendendo novos compêndios e catalogando novos valores nos seus centros de estudo, mas não terá realizado um trabalho mais sério, em benefício da alma humana, sem espiritualizar o homem.
É esse “homem espiritual” do porvir que poderá alçar voos mais altos, porquanto não terá a sua visão adstrita às reduzidas possibilidades do olho humano.
Seu campo de ação será vastíssimo, abrangendo o infinito, de cuja grandeza insondável participará naturalmente, pelos caminhos evolutivos.
Os cientistas do mundo deveriam estar atentos para com os imperativos dessa “genética espiritual”, cujas lições e cujas sínteses se encontram aí no orbe totalmente no problema da educação individual e na cultura dos sentimentos.
Sem o estudo desses “genes espirituais” que constituirão as células da nova organização social do futuro, no elevado plano moral das criaturas, os estudiosos e os seus compêndios não sairão das discussões esterilizadoras, no abismo das hipóteses em que se submergiram.
A nossa preocupação atual caracteriza-se no esforço de formarmos o maior número de corações para a grande causa.
Os espiritistas sinceros são os colaboradores da nossa tarefa humilde e simples, cujo êxito requer o máximo de boa vontade.
Coloquemos mãos à obra e, enquanto os nossos irmãos estudam e analisam as células orgânicas, procurando estabelecer o equilíbrio e determinar a distribuição dos “genes” pelos corpos, organizaremos a nova genética dos seres, trabalhando pela edificação do “homem espiritual” do futuro, quando então a palavra do Divino Mestre apresentará uma claridade nova para todos os corações.
(Anuário Espírita 1992)