Chico Xavier e suas Mensagens no Anuário Espírita

Capítulo LXVI

Samaritanos e nós



Quem de nós não terá caído, alguma vez, em abandono ou penúria, aflição, amargura, engano ou perturbação?

À face disso, para nós o samaritano da bondade (Lc 10:29) — a criatura que nos reergue ou reanima — será sempre aquela pessoa:

que nos acolhe nos dias de tristeza com a mesma generosidade com que nos abraça nos instantes de alegria;

que nos estima, assim tais quais somos, sem reclamar-nos espetáculos de grandeza, de um dia para outro;

que nos levanta do chão das próprias quedas para o regaço da esperança, sem cogitar de nossas fraquezas;

que nos alça do precipício da desilusão ao clima do otimismo, sem reprovar-nos a imprevidência;

que nos ouve as queixas reiteradas, rearticulando sem aspereza o verbo da paciência e da compreensão;

que nos estende essa ou aquela porção dos recursos de que disponha, em favor da solução de nossos problemas, sem pedir o relatório de nossas necessidades e compromissos;

que nos oferece esclarecimento, sem ferir-nos o brio;

que nos ilumina a fé, sem destruir-nos a confiança;

que se transforma em harmonia e concurso fraterno, seja em nossa casa, ou no grupo de serviço em que trabalhamos;

que se nos converte no cotidiano em apoio e cooperação, sem exigir-nos tributos de reconheci mento;

que, por fim, se transubstancia, em nosso benefício, em luz e consolação, amparo e bênção.


Detenhamo-nos a pensar nisso e lembrando, reconhecidamente, quantos se nos fazem samaritanos do auxílio e da bondade, nas estradas da existência, recordemos a lição de Jesus e, diante dos outros, sejam eles quem sejam, façamos nós o mesmo.



(Anuário Espírita 1974)