Esta ocorrência que registra o poder da prece é acontecimento em nosso corrente mês de agosto, conforme o que posso assinalar.
Um grande avião anfíbio pousou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Oitenta passageiros, integrando vinte executivos e suas famílias, constituídas de senhoras, de jovens e crianças, foram chamados a ocupar a nave.
Era um grande avião fretado por chefes do comércio de São Paulo, que premiavam assim os seus cooperadores, antigos funcionários, abnegados que por dez anos consecutivos desistiram de férias e se achavam cansados e abatidos, exigindo repouso integral, segundo os médicos que os assistem.
Quase no momento da largada, o Comandante da máquina pediu as fichas de todos os que se dispunham a viajar. Todos eram cristãos declarados e o generoso oficial exclamou jovial:
— Se todos somos cristãos, procuremos entrelaçar as nossas mãos e Nosso Senhor Jesus será comigo o Comandante Verdadeiro.
Foi um instante de alegria recíproca, todos se abraçaram e trocaram votos de fé em Jesus, com pleno êxito.
O grande avião fez a decolagem e partiu devassando a noite clara. Tudo ia bem sem novidades de realce e a máquina singrou os céus, serenamente.
A partida do Galeão foi às nove da noite.
Na intimidade o ambiente era de paz e de alegrias. Todos queriam falar do destino, que, pela escolha dos viajantes, seria a Ilha de Cancun, no Mar do Caribe, pela sua fama de conforto e de beleza, verdadeiro santuário da natureza.
Pouco depois da meia-noite, o grande anfíbio pousou no Aeroporto de Lima, para descanso e distração. O comando determinou quarenta minutos de parada e os passageiros se dirigiram ao salão principal do aeroporto e se abasteceram de chá e leite e adquiriram preciosas frutas originárias do Chile. Dava gosto observar-lhes o encantamento, quando retornaram à nave que se pôs a rumo do México.
A madrugada vinha surpreendê-los e o avião deslizou no Caribe.
Eram talvez mais ou menos quatro horas antes do amanhecer, quando a nave foi atacada por ondas agressivas…
O grande anfíbio tremeu, como que pressentindo perigos duros e começou a se agitar sob forte ventania.
As ondas cresciam quais leões sobre a máquina que parecia assustar-se ao ímpeto dos vagalhões.
Aviadores exímios que assessoravam o Comando lançavam sinais de luz, implorando socorro, acompanhados dos guizos de buzinas que se perdiam na imensidão, sem qualquer resposta.
Senhoras sensíveis oravam e alguns chamavam por Jesus. Os brados eram muitos:
— Socorro Jesus!…
— Jesus valei-nos!…
E alguns executivos choravam abraçando as crianças desoladas.
A aeromoça apareceu às portas da equipagem e em nome do comandante pedia calma, dizendo que o comandante avisava aos viajantes que estavam atravessando grande tempestade, mas que o fenômeno era passageiro.
Nestes instantes caiam pastas e embrulhos diversos, derramando documentos e miudezas sobre o piso.
Algumas senhoras disseram ver o Senhor, caminhando sobre as águas encapeladas.
A agitação da máquina era intensa pois, quase descontrolada, não sabia se voava ou navegava.
Após duas horas de angústia, o Comando mandava notificar que a grande Cancun estava à vista.
O Sol iniciava a sua carreira divina sobre as águas, quando por fim, o grande anfíbio parou em plena praia.
O comandante chorou de emoção e tudo determinou para a descida.
Um guarda da praia avisou em voz alta. Os senhores e as senhoras estão salvos. Estamos sob a força do Bonnie, um furacão tradicional nas águas de Cancun.
O guarda chamou outros guardas para a recepção.
O Sol já brilhava nas areias. Antes, porém de descarregar a bagagem, o comandante entregou o serviço a dois aviadores de auxílio e olhou para a nave com o enternecimento de um homem que se apiedasse de um cavalo e sentiu-se extremamente sensibilizado.
Fitou o mar que tentava invadir a praia e gritou para o oceano:
— “Pára! Pára em nome de Jesus!…”
As águas revoltas se acalmaram e qual se ele mesmo fosse o Divino Mestre, bradou para os passageiros assustados exclamando:
— Agora, vamos agradecer!…
E ele próprio ajoelhou-se sobre a praia e externou:
— Oremos juntos.
Todos se ajoelharam nas areias brilhando ao Sol e o audaz condutor do aeroplano, passou a recitar com humildade:
— Pai nosso que estais nos céus,
Santificado seja o vosso nome,
Venha a nós o vosso Reino,
Seja feita a vossa vontade
e sublinhou:
Assim é na Terra, como no Mar e como nos Céus.
O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje, Senhor!
Perdoa as nossas dívidas e faltas, assim como perdoamos aos nossos devedores
E não nos deixeis cair em tentação,
E livrai-nos do mal.
Assim seja!
Com Jesus e por Jesus!…
Terminada a oração, os oitenta passageiros se recolheram no hotel convenientemente, enquanto, Bonnie prosseguia urrando sobre a Terra.
***
Assim a prece do Pai Nosso foi renovada, pedindo a bênção do Senhor sobre o mar.
Irmãos, aqui termino.
Somos todos viajores.
Nossos lares e nossas instituições são barcos em viagem.
Viagem na qual todos temos a bússola de paz, amor e luz, que todos necessitamos usar para estar na presença de Jesus. Com Jesus e por Jesus!…
Mensagem recebida no Grupo Espírita da Prece em 29/08/1998