Os paulistas haviam realizado o 1° Congresso Espírita de São Paulo de 1° a 5 de junho de 1947, cujo resultado alvissareiro foi a criação da USE — União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo —, terminando uma disputa em que quatro Federativas estaduais arvoravam-se ao direito de assumir a liderança do movimento filiando Casas Espíritas. As quatro Federativas, Federação Espírita, União Federativa Espírita, Sinagoga Espírita e Liga Espírita, passaram a ser intituladas “patrocinadoras” e assumiram o compromisso de extinguir seus Departamentos Federativos e repassar suas incumbências à USE, sendo que suas Instituições adesas deveriam se alinhar a este único movimento de unificação. Isso realmente se deu no começo, mas infelizmente esse compromisso foi rompido. Atingindo na época um segmento restrito, a unificação nem sempre foi entendida, mas, se não fizesse parte de um planejamento do Alto, ela não teria sobrevivido e dado os bons frutos que sempre deu ao movimento espírita paulista. A calmaria aparente começou a prenunciar a borrasca, quando interferências externas roustainguista (leia-se corrente rustanguista) tentou se aproximar dos useanos [membros da USE]. São Paulo sempre fora avesso em aceitar as teses de e a disputa acabou com a decisão de se convocar um Congresso Centro-Sulino que, em face da repercussão nos Estados do norte e do nordeste pela condenação da FEB ao mesmo, acabou se tornando o 1º Congresso Nacional Espírita em São Paulo.
Chico Xavier, mostrando estar atento aos acontecimentos do movimento espírita nacional, envia bela mensagem de incentivo aos confrades organizadores do Congresso; porém, hoje, mais de cinquenta anos depois do evento, fazemos uma leitura calcada nos acontecimentos históricos e podemos observar a exortação de Chico, nas entrelinhas, pela pacificação dos ânimos e dos contendores das ideias. Mais uma vez, Chico foi o fiel intérprete das preocupações do Plano Espiritual quanto à saúde de nosso movimento.
O Congresso ocorreu de 31 de outubro a 5 de novembro de 1948 e a mensagem chegou às mãos dos organizadores alguns dias antes.
“Para que todos sejam um” — JESUS (Jo
Reunindo-se aos discípulos, empreendeu Jesus a renovação do mundo.
Congregando-se com cegos e paralíticos, restitui-lhes a visão e o movimento.
Misturando-se com a turba extenuada, multiplicou os pães para que lhe não faltasse alimento.
Ombreando-se com os pobres e os simples, ensinou-lhe as bem-aventuranças celestes.
Banqueteando-se com pecadores confessos, ensinou-lhes o retorno ao caminho de elevação.
Partilhando a fraternidade do Cenáculo, preparou companheiros na direção dos testemunhos de fé viva.
Compelido a oferecer-se em espetáculos na cruz, junto à multidão, despediu-se da massa, abençoando e amando, perdoando e servindo.
Compreendo a responsabilidade da grande assembleia de colaboradores do Espiritismo brasileiro, formulamos votos ardentes para que orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação, em torno dos quais entrelaçam esperanças.
Cremos que a experiência científica e a discussão filosófica representam preparação e adubo no campo doutrinário, porque a semente viva do progresso real, com o aperfeiçoamento do homem interior, permanece nos alicerces divinos da Nova Revelação.
Cultivar o Espiritismo, sem esforço espiritualizante, é trocar notícias entre dois Planos diferentes, sem significado substancial na redenção humana.
Lidar com assuntos do Céu, sem vasos adequados à recepção da essência celestial, é ameaçar a obra salvacionista.
Aceitar a verdade, sem o desejo de irradiá-la, por meio do propósito individual de serviço aos semelhantes, é vaguear sem rumo.
O laboratório é respeitável.
A academia é nobre.
O templo é santo.
A ciência convence.
A filosofia estuda.
A fé converte o homem ao Bem Infinito.
Cérebro rico, sem diretrizes santificantes, pode conduzir à discórdia.
Verbo primoroso, sem fundamentos de sublimação, não alivia nem salva.
Sentimento educado e iluminado, contudo, melhora sempre.
Reunidos, assim, em grande conclave de fraternidade, que os irmãos do Brasil se compenetrem, cada vez mais, do espírito de serviço e renunciação de solidariedade e bondade [pura] que Jesus nos legou.
O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora. Conscientes, porém, de que se faz impraticável a redenção do todo sem o burilamento das partes, unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo, em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação, para que todos sejamos um, em sintonia sublime com os desígnios do Supremo Senhor.
Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes] foi publicada em setembro de 1977 pela no Reformador e é também a 208ª lição do 4º volume do livro “”