Chico Xavier - O Primeiro Livro

Capítulo XXVI

Capítulo XXVI



Quanta ilusão

No coração

Cheio do alvor

Da mocidade!

E quanta dor

Quanta saudade,

No pobre velho

Clarão vermelho

Do fim do dia;

Quanta alegria

No alvorecer

Da feliz vida,

Fase querida

Da existência,

A adolescência

É como a luz

Que nos conduz

Pelo caminho

Todo em bonança

Cheio de arminho

D’alva esperança!


Ó Mocidade,

Felicidade,

Flor em botão,

Teu coração

É como a estrela

Fulgente e bela

Sempre a brilhar

No firmamento

Da pobre Terra!

No sofrimento,

Sobre a alegria

E sobre a dor

És sempre o dia

Cheio de ardor.

Na vida inteira

Sempre serás

A companheira

Da luz, da paz.


Mas na velhice

Antes não visse

A grande dor

Dos muitos anos,

Fanada flor

Dos desenganos;

Triste velhinho,

Calmo e sozinho,

No pensamento

Amargurado

Traz estampado

O desalento,

Pobre velhice,

Flor de meiguice,

Resignada,

Desiludida,

Folha nevada,

Do fim da vida,

Os teus cabelos

Brancos e belos

São a pura neve

Suave e leve

Que é da pureza

Que te coroa

A alma boa.


Arv’re despida

Das suas flores

Na tua vida

Possuis amores

Mas dos mais santos,

Pois com teus prantos

Regas o amor

Que dás a teu filho

E ao neto dás,

Amor de luzes,

Consolo e paz.


Tu Mocidade,

Que és a flor,

E és a manhã

Ama a velhice

Que é tua irmã.


Porque também

A vida é sempre

A mocidade

Linda e radiosa,

E a Morte é a senda

Para outra vida

Esplendorosa!