IAntes a nossa vida terminasse No turbilhão de pó da sepultura; Antes a morte fosse a noite escura Onde o ser nunca mais se despertasse. Ah! se a nossa existência se acabasse Cessaria decerto a desventura! Contudo a vida é o bem, que se procura, Morrer é ver a vida face a face. Todavia se sofro, ó Deus clemente, É que sou o criminoso, o delinquente E o enfermo sem paz e sem saúde. Perdoai à minh’alma se blasfemo, Ponde em meu coração o dom supremo Da humildade que é a auréola da virtude. IIUm dia eu me senti como se fora O infeliz legendário E andei no mundo, triste e solitário, Sentindo frio n’alma sofredora, Sonhei na morte a estrada salvadora, Ao meu grande martírio imaginário E sem notar meu trágico desvario Afundei-me na treva aterradora. Tanta vez a minh’alma enferma e aflita, Sonhou a paz nirvânica, infinita, E apenas tenho a dor que me devora! Ó Senhor, abrandai as minhas penas, Inda sou entre as lágrimas terrenas, Uma lama imortal que sofre e chora! |
Na sessão do dia 28-02-1934.