Alma humana, alma humana, tu que dormes Entre os grandes colossos desconformes Da carne, essa voraz liberticida, Desse teu escafandro de albuminas, Em tua mesquinhez não imaginas A intensidade esplêndida da Vida! Inda não vês e eu vejo panoramas De luz em gigantescos amalgamas De sóis, nas regiões imensuráveis, Auscultando os espaços mais profundos Na sinfonia harmônica dos mundos, Singrando a luz de céus incomparáveis. Do teu laboratório de arterites, De gangliomas, úlceras, nevrites Ao lado de humaníssimas vaidades, Não podes perceber as ressonâncias, Quinta-essências de todas as substâncias Na fluidez das eletricidades. Aqui não há vertigens de nevróticos, Nem bisonhos aspectos de cloróticos Nas estradas de eternos otimismos! A vida imensa é coro de grandezas, Submersão nas fluídicas belezas, Envergando os etéreos organismos. Ante a minhalma fulgem ideogramas, Pensamentos radiosos como chamas, Combinações no Mundo das Imagens; São vibrações das almas evolvidas E que, concretizadas e reunidas, Formam luminosíssimas paisagens… Em pleno espaço — Imensidade de ânsias, Sem aritmologias das distâncias, Sem limites, sem número, sem fim! Deus e Pai, ó Artista Inimitável, Deixai meu ser esdrúxulo, execrável, No prolongado e edênico festim! |
Sessão de 09 de agosto de 1933.
Essa mensagem foi também publicada pela FEB e é o 12ª poema do 15º capítulo do livro “”