O amor na essência recorda Um rio claro e profundo Que vence a lama e transborda Em benefício do mundo. Viver para o bem dos outros Por mais que nos desagrade, Em qualquer clima e cultura, É a lei da felicidade. O amor — a luz sem medida Dos sóis aos vermes do chão É Deus que se entrega à vida Em forma de coração. O amor atado em dois seres Sem dar-se às lutas do bem: Uma festa do egoísmo Que não ajuda a ninguém. Lições de amor para os homens, De todas só uma sei: Na bênção da caridade O amor é a força da lei. Amor, que a mim se descobre, É a companheira querida Sem a qual o Céu é pobre E a Terra é um campo sem vida. Amor dá tudo por nada, Nem nada pede, a rigor. Quem tenta a pessoa amada Tem manhas, não tem amor. O amor que vi de mais brilho Foi na beleza mais pura: Um beijo de mãe num filho À beira da sepultura. Amor!… Rememora a luz Que do Cristo se descerra… Um berço, um barco, uma cruz E o Bem redimindo a Terra… Quem souber o que é o amor, Da origem aos apogeus, Terá sabido explicar A onipresença de Deus. |
Chico Xavier escreveu-nos de Uberaba: “Envio-lhe a página psicografa,da em nossa reunião pública, da noite de 14 de janeiro de 1972, em que dez comunicantes compareceram na mesma hora, cada qual com sua trova”. Imagine-se a chegada dessa caravana de trovadores invisíveis à mesa do médium para a transmissão de suas trovas. É assim tão grande a importância que se dá, na vida espiritual; à simples quadra? Não seria melhor que cada um desses Espíritos (todos deixaram seus nomes nas letras nacionais) aparecesse ali com uma revelação capaz de enriquecer os nossos conhecimentos científicos, filosóficos, religiosos ou mesmo literários?
Que acréscimo trazem essas trovas à cultura do nosso tempo? O que oferecem de novo no campo da poesia trovadoresca, hoje em pleno florescimento em nossa terra? Se analisarmos cada uma dessas quadras não acharemos nada de excepcional nas mensagens individuais e mesmo no seu conjunto. Valeu a pena esse esforço coletivo? Podemos justificar a utilização da via mediúnica para a simples transmissão de trovas que poderiam ser feitas aqui mesmo, na Terra, por tantos trovadores encarnados?
O utilitarismo do século impede muita gente de compreender o sentido profundo desse episódio e de sentir o toque de cada mensagem. Os Espíritos, como ensinou Kardec, não têm a missão de poupar-nos o trabalho de pesquisas e descobertas, mas a de ajudar-nos a evoluir moral e espiritualmente. Os dez trovadores que cantaram no coro mediúnico das “árias do amor” não queriam conquistar louros terrenos, mas auxiliar-nos na conquista dos louros celestes.
Cada uma dessas trovas, na sua simplicidade, é um toque de luz dirigido aos corações sensíveis, às almas ansiosas de se elevarem além das ambições e vaidades da Terra. Talvez por isso, quando fazíamos esta apreciação, alguém assoprou-nos na acústica da alma esta quadra terrena:
Há trovadores celestes
Cantando ao nosso redor,
Para nos darem a senha
De ingresso à Vida Maior.