Todas as criaturas gozam o tempo — raras aproveitam-no. Corre a oportunidade — espalhando bênçãos. Arrasta-se o homem — estragando as dádivas recebidas. Cada dia é um país — de vinte e quatro províncias. Cada hora é uma província — de sessenta unidades. O homem, contudo, é o semeador — que não despertou ainda. Distraído cultivador — pergunta: “que farei?” E o tempo silencioso responde — com ensejos benditos: De servir — ganhando autoridade. De obedecer — conquistando o mundo. De lutar — escalando os céus. O homem, todavia — voluntariamente cego, Roga sempre mais tempo — para zombar da vida, Porque, se obedece — revolta-se, orgulhoso, Se sofre — injuria e blasfema, Se chamado a contas — lavra reclamações descabidas. Cientistas — fogem da verdadeira ciência. Filósofos — ausentam-se das próprios ensinos. Religiosos — negam a religião. Administradores — retiram-se da responsabilidade. Médicos — subtraem-se à Medicina. Literatos — furtam-se à divina verdade. Estadistas — centralizam a dominação. Servidores do povo — buscam interesses privados. Lavradores — abandonam a terra. Trabalhadores — escapam do serviço. Gozadores temporários — entronizam ilusões. Ao invés de suar no trabalho — apanham borboletas da fantasia. Desfrutam a existência — assassinando-a em si próprios. Possuem os bens da Terra — acabando possuídos. Reclamam liberdade — submetendo-se à escravidão. Mas chega um dia — porque há sempre um dia mais claro que os outros, Em que a morte surge — reclamando trapos velhos… O tempo recolhe, então — apressado — as oportunidades que pareciam sem-fim… E o homem reconhece — tardiamente preocupado Que a Eternidade Infinita — pede contas do minuto. |