Descuidada, a pequenita, Face rósea de romã, Revirava, buliçosa, Os óculos da mamãe. Vidro aos olhos, contemplando A região colorida, Demonstrando-se assustada, Exclama, surpreendida: — “Oh! mamãe, tudo está negro! Que enorme transformação!… Parece que toda a casa Está pintada a carvão.” Muito aflita, retirando O vidro de cor escura, A pequenina observa Mais tranquila, mais segura: — “Agora, sim… Tudo claro, O armário, a mesa, o jarrão… Que alívio, mamãe querida, Ver as coisas tais quais são!” — “Vês, filha? — diz-lhe a mãezinha, Que buscava meditar, Na vida, tudo depende Do modo de analisar. Quem aplique aos próprios olhos O vidro do pessimismo, Envolve-se em densas trevas, Projetando-se no abismo.” |