Colheita do Bem

Capítulo XXXVI

Auxiliemo-nos uns aos outros



01/02/1950


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos ao lado dos nossos bons amigos General Aurélio e irmã Júlia, a quem expressamos nossos melhores votos de muita tranquilidade e bem-estar na fazenda. Acompanhamos o tratamento do nosso amigo General com carinhoso interesse e os passes que vão sendo transmitidos por intermédio do Rômulo operam em seu favor grandes melhoras.

Também fazemos coro com todos os companheiros que se exprimem aqui no sentido de reerguer-lhe o ânimo. A luta com os nossos próprios órgãos resulta sempre em grandes vantagens para nós. Raramente identificamos a grandeza da Espiritualidade Superior quando a saúde material nos sobra no caminho. Isso não quer dizer que devamos louvar a enfermidade, mas expressa a nossa felicidade em extrair dela as bênçãos do ensinamento.

Graças a Deus, o nosso valoroso companheiro General Aurélio vai-se restaurando vagarosa, mas seguramente. E tem o reconforto de encontrar em cada instante as preciosas flores de amor que plantou no coração dos filhos. Tem conhecido a ternura e o carinho de todos, ao lado de nossa estimada irmã Júlia, com uma extensão sublime, dada a muitos raros espíritos na Terra. E rejubilamo-nos todos em face desse clima de segurança espiritual e inquebrantável harmonia em que se respira no necessário reajustamento, porque a cada passo se sente sempre mais fortalecido para ganhar a batalha do restabelecimento completo.

Registramos, com amizade e alegria, nossas visitas a ele, formulando votos ardentes para que prossiga sob as mesmas bênçãos em que o observamos cercado de afetos familiares e de nobres amigos da vida superior.

Hoje igualmente, meu caro Rômulo, guardo em sua companhia os meus pensamentos concentrados no amigo que voltou. Quantas sugestões o acontecimento nos impõe a todos! E reconhecemos quão valioso é o patrimônio da fé renovadora e criativa para ocasiões dessas, em que a desaparição de um trabalhador faz tamanha falta.

No caminho, a queda de uma árvore antiga e frondejante é, invariavelmente, uma ocorrência lamentável. Eu sei que o servidor humano nem sempre pode apresentar um padrão de virtudes absolutas. O herói integral e o anjo purificado ainda não residem na Terra. Mas sei apreciar um companheiro operoso e bem intencionado, mormente quando esse sócio de luta abre os olhos espirituais e começa a esforçar-se por surpreender as realidades que o cercam. Faremos pelo amigo recém-vindo o que estiver na esfera de nossas possibilidades e aguardaremos a manifestação do Senhor a benefício de nós todos.

E assim prossegue a viagem. A encarnação na Terra é semelhante à excursão que fazemos comumente num comboio vulgar. Há ocasiões de partida e chegada, avisos inúmeros, recomendações aos jorros. Habitualmente, não temos nos carros em que viajamos uma assembleia compacta de companheiros afins conosco, exceção feita àqueles que nos partilham a mesma cabine, porque a viagem nos impõe passageiros de toda casta. E, de quando a quando, um vizinho de lugar desce em estação estranha a quantos prosseguem na romagem. Esse o mapa geral da excursão que recebemos por recurso educativo. e perseveremos no roteiro confiado aos nossos corações. O sol resplandece depois de cada noite e os rebentos novos das árvores robustecem a vida. As horas são sempre brotos renovados no tronco milagroso do tempo. Convertamo-las em motivos de edificação permanente.

A questão da morte é, sem dúvida, aflitiva e escura para a mente encarnada, mas pouco a pouco a humanidade vê-la-á “tragada na vitória”, (1co 15:54) nas felizes expressões do apóstolo. Todos estamos na linha de frente pelo triunfo soberano da imortalidade. O túmulo é uma urna de cinzas, porque não há mortos em seus sombrios portais. Há vivos, eternamente vivos, retomando atividades, reparando caminhos, recapitulando experiências, reajustando sentimentos, reerguendo as próprias forças ou remontando, em volições divinas, à Pátria Universal, cuja glória nós outros ainda não podemos devassar. Que Jesus nos fortaleça na jornada, porque o conhecimento e a redenção constituem metas que nos compete alcançar.

Tenho trabalhado quanto me é possível pelos nossos “ausentes”, embora presentes no corpo. Peço a você e à Maria colaborarem, como sempre, nas preces em favor deles que, na atualidade, carecem realmente de nosso concurso fraternal em espírito. As modificações caminham para a frente e precisamos cooperar, a fim de que estejam robustos na confiança em Deus e em si próprios.

Esperamos que os nossos amigos General Aurélio e irmã Júlia recolham benefícios substanciais com a permanência em Pedro Leopoldo. E continuando a postos, junto de vocês, para o continuísmo do nosso esforço cristão nos alicerces de nosso futuro, sempre mais elevado e melhor, deixa-lhes um carinhoso abraço o papai muito amigo de sempre,