22/02/1950
Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita paz e bom-ânimo.
Em nome de vários amigos que se encontram conosco, trazemos ao nosso amigo General Aurélio cordiais visitas, desejando-lhe muita coragem e energia no tratamento em curso. Pudesse o nosso valoroso companheiro observar, de perto, o desvelo e as atenções de que é objeto por parte de irmãos abnegados de sua tarefa e, por certo, apenas encontraria motivos para satisfação e estímulo na luta comum. Não permita que a tristeza lhe absorva as forças preciosas. Não há razão para desalento e, mormente, em nome do carinho materno, devo adiantar-lhe que não lhe faltará o amparo do Alto em circunstância alguma!
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Quando nos confiamos, porém, ao desânimo na situação de conhecimento em que já nos encontramos por nossa felicidade, surge dentro de nós um sentimento que poderíamos classificar por “desconfiança de Deus”. E reconhecendo que o Pai só nos confere o bem no curso de todas as ocorrências da estrada contamos com a existência do nosso estimado companheiro que nos merece as melhores expressões de solidariedade. Raros irmãos encarnados de uma congregação tão importante e tão vasta como seja a da “Cruz dos Militares” guardam uma consciência tão exata de nossa assistência espiritual. Esperamos, desse modo, que o seu espírito generoso e sensível nos guarde o apelo ao fortalecimento próprio em favor da consolidação de suas melhoras. Temos dois médicos da instituição da “Cruz” que o inspecionam e são de parecer que não há motivo para intranquilidade.
O primeiro trimestre na montanha, sem grande cópia de chuvas, é portador de condições climatéricas especiais a que o organismo habituado a respirar na praia nem sempre se afeiçoa com a regularidade desejável. O fenômeno, porém, atinge a todos, expressando-se de variadas formas, através da maioria. Em vista do seu minucioso e demorado tratamento da circulação, o acontecimento se exprime no seu campo fisiológico, através de dores imprecisas, mal-estar e tonteiras, com febre natural na parte da tarde, quando os órgãos movimentados já vão pedindo algum suprimento de energias através do repouso. O nosso amigo, de modo geral, vai passando muito bem e não deve prender-se ao desalento e à amargura. Estamos a postos e não podemos olvidar que Jesus é, acima de tudo, o nosso divino Médico.
Depois de haver registrado as visitas que me são sumamente gratas ao espírito, quero dizer ao Roberto que o acompanho com significativa satisfação em sua jornada para o futuro. Creio que os seus ideais de vida espiritual enobrecida devem ser fortalecidos cada vez mais intensivamente. Mocidade cristianizada simboliza porvir venturoso e confio em que o meu neto prossiga em suas diretrizes e realizações, com a esperança que já lhe vai caracterizando a marcha.
Somos aqui avós em maioria, felicitando-lhe os planos do futuro lar. Nesse sentido, agradeço à Maria e ao Rômulo o conforto que nos proporcionaram incentivando-lhe os nobres impulsos na direção a que me refiro. Peço ao Roberto cultivar a prece todas as noites, porque, para seguir com um projeto iluminado, através das forças menos construtivas e não elevadas que subjugam o planeta em grande parte, exige-se muita comunhão com a vida superior. Somos sempre seguidos pelo nosso próprio passado e, segundo os ensinamentos que vão sendo recebidos pelas mãos de Wanda, é necessária a intimidade com o divino Pastor para que não percamos o caminho a trilhar. Tudo se vai articulando em favor das aspirações de sua mocidade dentro da bondade celeste e espero que em seu coração haja sempre a luz de fé viva que presentemente assinalamos em sua experiência íntima. Nesse particular, e falando hoje em nome dos avós, rogo à Maria e ao Rômulo ajudarem você no campo do primeiro contato com a escolhida de sua tarefa. Eu sei que o seu coração juvenil está pedindo essa concessão aos amados pais, em silêncio, e completo o seu desejo com as palavras que me saem do coração. São Paulo é distante e cada trabalhador permanece em seu campo, entretanto, peço encararem todos, com simpatia, a possibilidade de um encontro-visita em que este lar tão feliz e tão sagrado para nós todos possa começar a receber as sugestões do futuro. Nesse capítulo, creio que o Rio será a nossa estação de “cruzamento primeiro”, na presente encarnação. Quanto ao mais, embora seja a jovem católica romana isso não quer dizer não seja detentora de um belo coração, com sede de luz divina. O bem está em toda parte e quem é fiel a Jesus na posição em que o venera e ama deve ser sempre honrado pelos companheiros da mesma fé. Aguardemos o tempo e já que Roberto vai estruturando o futuro, projetando os seus pensamentos no lar materializado do porvir, é útil vá se preparando igualmente para examinar todos os serviços espirituais que decorrem do casamento. Só peço a Jesus para que todas as suas esperanças sejam realizadas, de acordo com os planos do divino Doador, para que em tudo lhe vejamos a infinita bondade.
Espero que desculpem a carta íntima que bem parece uma interferência menos cabível, entretanto, todos nós temos, em certa fase, um sonho de felicidade em que é doce e oportuna a colaboração geral. Quando digo “sonho de felicidade”, não desejo pintar um painel cor-de-rosa, sem as tintas da responsabilidade, todavia, é sempre uma alegria poder incentivar no coração de um neto os ideais nobres que lhe povoam o espírito juvenil.
Deus nos abençoe a todos. E formulando votos sinceros para que nosso amigo General Aurélio positive as suas melhoras seguras em pouco tempo, a fim de que o vejamos na alegria robusta de sempre, sou o papai e amigo muito reconhecido que lhes deixa grande abraço,
Nota da organizadora: General Aurélio foi, como se deduz das mensagens colecionadas no livro Militares no Além (VINHA DE LUZ, 2008), provedor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares por vários anos. Para maiores dados históricos da instituição mencionada, sugerimos a leitura da referida obra e dos livros Sementeira de luz (VINHA DE LUZ, 3. ed., 2008), Deus conosco (VINHA DE LUZ, 3. ed., 2
010) e Sementeira de paz (VINHA DE LUZ, 2010), todos psicografados por Francisco Cândido Xavier.