06/07/1950
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde e paz no desdobramento da boa luta.
É um prazer revê-los assim em quadro completo nos júbilos familiares. Não é sempre fácil manter o mesmo tom de harmonia pelos anos adentro e por isso, sempre que o Roberto se encontra reintegrado em nosso grupo doméstico, a impressão doce da primeira hora permanece na alma, suavizando o coração.
É a praia bendita do lar de cujo aconchego podemos divisar o oceano largo das experiências. Abençoada e inesquecível será sempre semelhante época, não só para vocês, como também para mim. No período de sementeira, é reconforto unir os braços e entrelaçar as mãos para que o futuro seja rico de patrimônios e suprimentos renovados. Este é o nosso tempo sublime à frente dos netos muito queridos. Você, meu caro Rômulo, e Maria se encontram com os valores iluminados da responsabilidade, na posição de intermediários abnegados e amorosos ao lado deles.
Nós outros, os amigos deste Plano, somos os lavradores. Através do pensamento, da palavra e da ação renovamos os nossos destinos, semeando experiências diferenciadas para o porvir com Jesus. Que ele nos proteja, a fim de que o sol do bem nos aqueça a lavoura santa, permitindo que a luz da fé seja mantida em nossos corações para sempre.
Felizmente, vocês regressaram bem da pequena romagem efetuada. Permita o Senhor possam auferir lucros eternos de todos os contatos com o serviço edificante, em nome de Jesus, por onde atuaram e seguiram. Há viagens e viagens. Numas, damos e recebemos. Noutras, não realizamos senão dispersão e readquirimos impressões que deveríamos deixar à margem.
Não me refiro aqui, sistematicamente, a muitos amigos nossos, dedicados às peregrinações. Não. Às vezes, no passeio inocente ou na superfície inútil, buscamos forças de refazimento demasiado importantes para serem desprezadas. Quero reportar-me ao sentido da utilidade. Que visitemos Roma com os seus esplendores históricos será sempre uma bênção, entretanto, será importante perguntar quais as bênçãos que improvisamos com as dádivas recebidas. A oportunidade é algo vivo, semelhante a uma entidade consciente que nos pedirá contas.
Extasiarmo-nos perante a contemplação de uma catedral será viver uma cena indescritível, entretanto, convém saber o que fizemos do ensejo de penetrar-lhe os umbrais. Entraremos em contato visual com paisagens sublimes de países estrangeiros à nossa atualidade, mas dentro de nossa consciência se demoram inquisições iguais a estas:
— Para quê? — O que fez?
— Que deu de você mesmo? — Que recebeu de bom?
— Qual é a cota do tempo despendido?
E assim vamos aprendendo a , seja onde for, com o apoio do Senhor, que é o Amigo vigilante e fiel. Peço a ele faça de vocês todos viajores inteligentes, aptos à colheita das melhores observações e dos melhores recursos, por onde passarem. Estou igualmente satisfeito e reconhecendo que os nossos tornaram da Europa sem incidentes desagradáveis em caminho.
Muitas vezes, reparando as douradas ruínas romanas, tenho a ideia do morto que ressuscitasse de imediato para contemplar o jardim solitário que lhe guarda os despojos. As relíquias são sagradas, mas não satisfazem às exigências da hora. Não desejo condenar o turismo, nem subestimar as alegrias de uma excursão proveitosa. Meu propósito é apenas o de conferir ao tempo a honra que lhe compete para que venhamos a enchê-lo de “construções espirituais”, em qualquer parte. Rendo homenagem ao passado e não sou uma ave sem ninho e nem uma árvore sem raízes, mas não posso esquecer que tudo é riqueza quando manejamos, com segurança real, os nossos interesses imperecíveis. Jesus nos abençoe a todos em nossos sadios desejos de acertar.
Cabe-me dizer à nossa prezada Maria que vamos fazendo quanto nos é possível para garantir-lhe a saúde com o equilíbrio orgânico ideal. As preocupações são nossas e devemos orar para que todos os problemas sejam amparados pela bondade de “Cima”. Nunca estamos de todo sem questões complexas, em vista da complexidade crescente de nossa mente e de nossa vida, sempre repletas de novas atrações e de novos apelos.
Desejo ao Roberto um descanso remunerado por boas experiências na Fazenda. Cada vez mais estimo em meu neto o seu esforço de se sustentar à distância de quantos nos atacam a edificação de vida nobre, através dos ouvidos acessíveis a todas as informações. Roberto vem consolidando excelentes conquistas nesse território sentimental e a hora pede realmente muito silêncio e serenidade mediante o rumo da administração política do país. O moço de responsabilidade deve fazer sempre muito de conformidade com os ideais superiores que o animam e falam o estritamente necessário para não se enfileirar com a leviandade e com a reprovação facial e barata. O nosso futuro veterinário tem ganho verdadeiros dons de observador consciencioso e isso é muito importante para o hoje e para o amanhã. Aliás, estamos à frente de muitos enigmas públicos, perante os quais a nossa atitude deve ser a do trabalhador interessado na obra do bem, sem grande detenção da alma no círculo dos benfeitores individual e humanamente considerados. Vale mais esperar o tempo para definir os homens que catalogá-los à pressa pelos padrões do entusiasmo fácil que é, invariavelmente, a primeira força a converter-se em desencanto nos dias da realidade e da prova experimentalmente sentidas e vividas.
Que Jesus nos fortaleça o espírito em nossas tarefas, que não devem nem podem sofrer adiamento por dizerem muito mais a nós mesmos que aos outros.
Cuidem da organização fisiológica contra a gripe, que vem assumindo características muito graves. A saúde é um tesouro, cujas moedas não toleram a substituição.
Reúno vocês todos num grande abraço, esperando que o Céu lhes conceda tudo que existe de belo e bom, agradável e útil nas lutas de cada dia, para que obtenham crescimento mental cada vez mais forte e seguro para as obras do nosso Pai celestial. São os votos do meu coração de pai e de avô que não os esquece,