Colheita do Bem

Capítulo LXVIII

A escola está viva dentro de mim



06/12/1950


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e bom-ânimo aos corações.

Hoje, depois de haver cooperado nos trabalhos de socorro em serviços de amparo a pessoas de nossas relações no Rio (em seguida à grande tempestade lá havida), tive a alegria de acompanhá-los à festa escolar.

Você, meu filho, fez muito bem encorajando os pequenos. São rebentos na árvore da vida humana, reclamando o orvalho do amor e o estímulo para prosseguirem no justo desenvolvimento. e, por isso mesmo, é sempre um elo a reunir-nos e a enlaçar-nos de novo. O estabelecimento cuja formação você vai superintendendo realmente representa para mim um incentivo à boa luta. A Escola Rural João de Barro merecerá o apoio celeste para que se concretize na Terra e nessa doce expectativa esperarei o futuro para enriquecer a nossa tarefa, incorporando novos companheiros, infantis agora, à nossa caravana de lidadores do bem e da luz.

Acordar a criança para que a história e a ciência descerrem as câmaras sublimes do pensamento é obra das mais meritórias entre as criaturas. O templo pode ser uma grande instituição socorrista, mas a escola brilha acima dele, por descortinar caminhos novos e novas revelações aos que procuram o roteiro fiel da redenção. Unamo-nos nessa obra de santificação e aprimoramento. Ensinar para o bem comum é o grande benefício que muitos povos esqueceram e daí essa luta sanguinolenta indefinida, que martela o espírito da humanidade desde os albores do século presente. Por alheamento do livro, os homens se despenham no precipício e olvidam quanto lhes ensinou Aquele que para nós todos foi o portador da vida abundante. Assim, em nosso setor de serviço, façamos o possível para materializar a ideia. Doemos tudo a semelhante realização, porque o Senhor se confia a nós, quando confiamos a outrem para o soerguimento geral quanto se encontra ao alcance de nossos corações e de nossos braços. Não importa que o beneficiário passe, melhore, evolua, se engrandeça e olvide. Importa fazer o bem como a doce obrigação de viver. Nossas almas foram criadas para respirar na espontaneidade das bênçãos fraternais, em todos os ângulos do caminho, e se alguma contrariedade se sobrepõe à nossa cooperação na vida recordemos que o Cristo, para ajudar-nos e esclarecer-nos, não só entregou-se à nossa elevação, mas consagrou-se à cruz para fazer elevar os mais desclassificados da sorte à condição de filhos de Deus.

No ministério do ensino, há sementeiras esperando-nos o concurso em quase todos os lugares. Façamos o possível por emprestar o nosso apoio e a nossa solidariedade em quaisquer circunstâncias dentro das quais a nossa contribuição possa ser útil. Sementeiras e sementeiras — eis o nosso programa, a fim de que o homem de amanhã encontre o caminho evolutivo mais aplainado e mais nobre, avançando à frente.

Ainda agora estive em companhia de vários amigos nos setores coreanos de luta e dói ver a miséria espiritual com que o povo representado por todas as classes se atira à luta. O momento terrestre é dos mais graves. Ajuntemos a luz singela de nossa oração aos que se encontram em prece nas mais diferentes zonas do mundo. Tememos, de nosso lado, que o flagelo se desencadeie mais vigoroso que 1939, alicerçando agora as suas operações sobre a desintegração da força atômica e sobre os gases, nas mais variadas fórmulas, que a ciência, a serviço da guerra, vai selecionando para o aniquilamento dela própria e do mundo. De tudo o que se descobriu nos tempos últimos, depois da desintegração do átomo, consideramos o gás enlouquecente a mais terrível das armas, porque pode, em verdade, provocar surtos generalizados de loucura nas cidades sobre as quais for projetado. Que Jesus nos abençoe e nos ajude nestas horas difíceis da Terra, porque onde há sofrimento para muitos não pode haver paz e alegria para alguns. De nossa parte, estamos trabalhando e contamos com o concurso de todos os que se mantêm voltados realmente para uma vida superior. Seja a coragem o nosso sustentáculo e a bondade divina o nosso farol aceso.

Estou muito satisfeito com a ida de vocês ao Roberto, a fim de acompanhá-lo no expressivo caminho em que entrará ainda neste mês. Não se preocupem pelo aniversário de minha vinda. Estarei com vocês em qualquer parte e das 16 velinhas de 1950 ofereço 8 a vocês e 8 aos netos, pois que não poderemos passar o nosso bolo de entendimento perfeito em outra parte. Formulo votos para que tudo nos corra bem, em me referindo ao porvir do neto, naturalmente interessado no ingresso ao trabalho definitivo. Jesus nos ajudará a situá-lo em posição segura, atentos, quanto nos cabe, ao seu problema de moço em semicompromisso. Que o Céu lhe abençoe os sonhos e aspirações de rapaz.

Com os cumprimentos ao nosso Guimarães, com sincera alegria e muito carinho, reúno vocês todos num grande abraço. O papai muito amigo de sempre, com muita saudade, gratidão e afeto,




Notas da organizadora:

Vovô Arthur desencarnou a 14 de dezembro de 1934, portanto, da data da mensagem decorreram-se 16 anos.


Em referindo-se a Francisco Guimarães, grande amigo da família Joviano, residente em Belo Horizonte.