Comandos do Amor

Capítulo VII

Obra de amor

Parte 7

A bandeira de luz, desfraldada por Ismael, no Brasil,  não convocou, em vão, os servos do Cristo ao trabalho da concórdia e do amor.

 

A revivescência do Evangelho abre a porta dos corações aos Espíritos do Senhor; e as realizações cristãs, como sementeiras abençoadas do Celeiro Divino, surgem como elevados tentames dos cooperadores humanos em luta com o joio do mundo velho.

Por vezes, as iniciativas são vacilantes e o esforço dos que se propõem à edificação sofre limitações que circunscrevem os cometimentos no campo material, entretanto, ao influxo de Ismael, compreendemos mais cedo, no Brasil, que a Doutrina Consoladora não se reduz a simples órgão de experimentação científica ou de reajustamento filosófico, nos quadros do conhecimento humano.

Por mercê do Senhor, reconhecemos que a sua mensagem sublime consubstancia o apelo generoso do Céu para que a luz divina resplandeça na Terra, o convite de Mais Alto para que o planeta se integre no Reino de Deus.

Daí, o característico religioso dos nossos trabalhos, a substância sublime do nosso depósito espiritual.

Com semelhante assertiva, não menosprezamos o racionalismo. Destacamos apenas a prioridade do serviço redentor do sentimento.

 

No coração permanece a seiva da vida. E é necessário purificar a seiva para que o fruto regenere e alimente.

 

O objetivo fundamental de Jesus, em seu apostolado terrestre foi sempre o homem:

  “Levanta-te e anda.” (Mt 9:5)

  “A tua fé te salvou.” (Mt 9:22)

  “Não temas.” (Lc 5:10)

  “Segue-me tu.” (Jo 21:22)

Seus apelos diretos ao coração ressoam na esteira dos séculos.

 

Não possuímos outra base para construir o mundo melhor, e as Forças Divinas não se aproximam de nós com o fim de arrebatar-nos a Esferas superiores que não merecemos ainda, mas, sim como embaixadas de colaboração excelsa, de modo a concretizarmos o paraíso que nos será próprio.

 

Solucionemos os problemas exteriores da vida, estudemos os fenômenos da evolução, recorramos à análise rio aprimoramento intelectual necessário, mas convertamo-nos, antes de tudo, ao bem, fazendo-nos melhores, engrandecendo a vida e o mundo a que fomos chamados.

 

Diante da civilização perturbada e empobrecida pelos abusos do poder, pela extensão do egoísmo e pelos desvarios da inteligência materialista, temos nós os cooperadores humildes do Espiritismo Evangélico, gigantesca tarefa de reconstrução, iniciada há mais de meio século.

 

Dádivas sublimes do Mestre constituem nosso crédito na atualidade. E, recebendo excessivamente da Divina Bondade, é lícito sejamos convocados a maiores testemunhos.

 

Dilatemos, em vista disso, nossa capacidade receptiva e iluminemos o santuário de nossa compreensão para que o Senhor se valha de nós como seus instrumentos.

 

É razoável que as interpretações se diferenciem na exposição das afirmativas individuais.

Nas letras sagradas, a escada de Jacob não é símbolo inútil.

Cada ser descortinará o horizonte, segundo a posição em que se encontre na jornada ascendente do Espírito. Instalemos, desse modo, o Reinado de Deus em nós mesmos, respondendo aos títulos da confiança que nos foi conferida.

Ainda que estejamos aparentemente distanciados uns dos outros no setor das definições doutrinárias, encontramo-nos substancialmente identificados na mesma realização, porque somos discípulos imperfeitos do mesmo Mestre e humildes servos do mesmo Senhor.

 

Reunidos em espírito, sob o estandarte de Ismael, atendamos ao chamado divino, compreendendo que não fomos trazidos ao campo de trabalho para as inutilidades da casuística, mas, para as atividades sublimes de auxílio, fraternidade e entendimento, na obra infinita do amor.




[A divina inscrição da bandeira de Ismael, anjo protetor do Brasil, é: “Deus, Cristo e Caridade”]