Confia e Serve

Capítulo VI

Um caso igual a tantos



O rapaz chegou ao “Centro Espírita Uberabense” pedindo orientação.

Há meses estava no exercício constante da psicografia semiconsciente, segundo as suas próprias palavras.

Exibiu vários cadernos com mensagens que recebera.

Entusiasmado, disse ao dirigente da Casa, o Professor João Augusto Chaves, já ter consigo muitos livros que esperava publicar em breve tempo.

Afirmou escrever quase o dia inteiro sob o impulso dos Espíritos.

Qualquer lugar lhe servia para o intercâmbio entre os dois mundos.

Acordava no meio da noite, sentindo um desejo irresistível de pegar lápis e papel…

Quando a cabeça lhe doía, tinha que escrever, escrever…

Durante meia hora falou sem pausa, revelando certa exaltação na voz e gesticulando em excesso.

Quando, finalmente, silenciou, aguardando a orientação que fora buscar, o abnegado Professor lhe diz de forma paternal:

— Filho, temos aqui as nossas reuniões semanais de estudo da Doutrina e teremos imensa alegria em recebê-lo entre nós. Sinto que você tem um futuro promissor no campo da mediunidade, todavia, creio que os Amigos Espirituais, presentemente, estejam exercitando as suas faculdades. Convém, por enquanto, aguardamos um pouco mais, não tornando públicas essas mensagens que me parecem agora sementes de páginas mais substanciosas que ainda serão grafadas por suas mãos. Venha participar do nosso grupo. Amanhã mesmo você poderá vir conosco visitar alguns irmãos carentes na periferia da cidade…

Mas, antes que o Professor Chaves concluísse as suas ponderações, o jovem, colocando os cadernos debaixo do braço, deu-se pressa em sair, prometendo voltar no dia seguinte e nunca mais apareceu.


Infelizmente, são muitos os companheiros do mundo que procuram orientação nos Centros Espíritas, desejando ouvir as palavras que imaginam e não aquelas que precisariam escutar, com humildade, em favor de si mesmos. Contrariados em seus propósitos imediatistas, afastam-se do caminho que nem sequer começaram a trilhar e ao qual, somente mais tarde, depois de grandes decepções e dores, tornarão lamentando o tempo perdido.




(Psicografada por Carlos A. Baccelli)