O homem sem crença em tudo se revela. No prazer é descomedido: na dor é insofrido.
Na alegria é exagerado; na tristeza é irritado.
Na saúde é intemperante; na enfermidade é desesperado .
Na abastança é egoísta; na pobreza é revoltado.
No juízo próprio é lisonjeiro; no juízo de outrem é temerário.
No falar é fátuo; no calar é covarde.
Na sociedade é hostil; na intimidade é intolerante.
No dizer — Sim — é afetado; no dizer — Não — é arrogante.
No saber se vangloria; no ignorar dissimula.
Na promessa é falso; no dever é falho.
Na paz é negligente; na luta é imprudente.
Quando faz o bem é interesseiro; quando o recebe é ingrato.
Na fé é todo material, na esperança é todo inconstante; no amor é todo sensual, no querer é todo instável.
Nos sucessos da vida quer que sua vontade prevaleça sobre as demais, inclusive sobre a vontade suprema de Deus, cuja existência nega, e cuja justiça desdenha.
É assim o homem ímpio: em tudo se revela.