As vãs filosofias vêm-se digladiando, de há longo tempo. Os credos exclusivistas terçam armas, de questiúnculas, malbaratando preciosas oportunidades em rigores de exegese, dando lugar a intermináveis disputas que separam e dividem o rebanho humano, esquecendo-se de que o magno assunto se sintetiza neste problema: combater o egoísmo e cultivar o amor. Em tal se resume toda a doutrina do Crucificado. E assim se resumindo, ela contém tudo: a lei e os profetas.
Examinando-se todas as parábolas do Evangelho, suas passagens e sentenças, chega-se à conclusão de que elas encerram lições e ensinamentos cuja essência é sempre a apologia do amor e a abominação do egoísmo.
Egoísmo e Amor — eis a perdição e a salvação, o Céu e o Inferno. Egoísmo e Amor são dois extremos opostos, dois polos inconfundíveis; são dois antagonistas irreconciliáveis que lutam entre si, tendo por campo de ação o recesso íntimo de nossos corações. Da vitória de um deles dependem os nossos destinos.
"Em vos amardes uns aos outros, todos reconhecerão que sois meus discípulos", sentenciou o Mestre. Mais tarde, os habitantes da Roma pagã, impressionados com a fraternidade que os primitivos cristãos mantinham entre si, vieram confirmar aquele conceito com o seguinte dizer que corria de boca em boca entre os sequazes de Nero: