"Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu, antes, lhe terias pedido, e ele te haveria dado água viva. "
A Humanidade, em sua maioria, acha-se nas condições da Samaritana: só tem bebido água de cisterna.
Essa espécie de água é a fiel imagem da fé sectária, dogmática, que herdamos dos nossos antepassados, tal como à Samaritana sucedera. Os homens bebem-na de há longo tempo, mas nunca se sentem satisfeitos.
O número de cisternas tem-se multiplicado; a linfa é distribuída largamente; todos bebem, e todos permanecem sedentos. Por mais que encareçam seu valor e prestígio, por mais que apregoem suas propriedades refrigerantes e salutares, ela nunca sacia a sede ardente que confrange os corações. E assim iludida tem vivido a Humanidade: bebendo sempre, e, todavia, sempre sedenta.
Mas, "a hora vem, e agora. é", em que a água viva, de que falara o Rabino, está sendo ministrada aos homens de boa vontade, sem distinção de raça, classe ou credo. É o dom de Deus, a doutrina do amor, a fé lúcida e vivida exemplificada pelo Verbo Divino.
Quem bebe dessa água jamais tem sede; e, mais ainda: vê brotar de si mesmo uma fonte límpida e pura, manando para a vida eterna, sempre fresca, e sempre nascente, graças à renovação do Espírito que a alimenta.
Só à religião do amor refrigera o coração. Não há outro manancial, fora do amor, onde nosso Espírito encontre novidade sempiterna de vibrações consoante requer sua natureza imortal. Na vida do Espírito, como na do corpo, uma lei impera imutável: a da renovação. O amor nunca enfada, porque nunca envelhece. Nele não há monotonia possivel, porque seus aspectos são infinitos Só por meio dele podemos satisfazer os anseios de nossa alma, podemos realizar as aspirações de nosso Espírito.
A religião do amor é a religião da revelação. Permanece em novidade de vida.
Os que a professam entram em comunhão com o Infinito. As revelações que dali fluem, agindo no interior de nossas almas, refluem em fontes inexauríveis, manando para a eternidade.