Eugenia é, em resumo, a ciência que trata do cultivo do homem considerado sob seu duplo aspecto: físico e moral.
O objeto dessa ciência é conseguir espécimes humanos fortes, sadios e belos, mediante a aplicação de métodos científicos que correspondem, em síntese, a puras e rigorosas regras de higiene, em sua ampla e lata acepção.
Como se vê, a Eugenia é, por todos os motivos, digna da simpatia dos que se interessam pelo aperfeiçoamento da raça humana, o que equivale a dizer: pelo seu progresso e evolução.
A Humanidade, porém, desvirtua o alvo da Eugenia como desvirtua aquele visado pela Religião. Pretende chegar ao fim, apartando-se dos processos naturais, isto é, empregando artifícios pueris, e até mesmo ridículos.
A gente deste século, semelhantemente às gerações de remotas eras, alimenta a ingênua pretensão de galgar os páramos de luz, onde reina a felicidade, por meio de uma nova torre de Babel, pois outra coisa não é o ritualismo, o cerimonial aparatoso estabelecido pelos credos dogmáticos como processo de salvação.
Orientados por esse falso prisma, procuram todos, em matéria de eugenismo, obter saúde, vigor e beleza mediante o emprego de drogas, cremes e pinturas. Entendem que, para se adquirir formosura, basta encobrir a fealdade, quando a Eugenia nos ensina que só se logra a beleza destruindo as causas da fealdade.
Da mesma sorte, a fé raciocinada e pura nos adverte, a seu turno, que só alcançaremos a redenção do nossas almas instruindo-nos e moralizando-nos; ou, em outras palavras: educando nossa mente e nosso coração.
Cumpre agora considerar, e sobretudo convencermo-nos, de que a beleza não se arranja com pomadas, nem o Céu se alcança com exibições ritualísticas. É preciso remover as causas que determinam a deformidade do físico, como também aquelas que deformam o caráter. A beleza externa provém da beleza interna. A cura opera-se do interior para o exterior. É uma ilusão procurarmos esconder os vincos do rosto e os senões do caráter; é necessário removê-los, extirpá-los; o que só se consegue pelas vias naturais, sob a influência de leis eternas e imutáveis.
A moral verdadeira e pura, tal como a exemplificou Jesus Cristo, encerra implicitamente todos os princípios da Eugenia, constituindo, por si só, a força capaz de reformar os costumes, escoimando-os de todas as impurezas, transformando assim esta Humanidade enferma, fraca e desgraciosa, numa raça nova, sadia, esbelta e bela.
A fé que salva o espírito é a mesma que sara o corpo. A fé que aprimora o sentimento e consolida o caráter é a mesma que aformoseia o rosto e plasma na matéria as linhas da beleza.