Nas Pegadas do Mestre

CAPÍTULO 46

O verdadeiro holocausto



"Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, pois em tal Importa o culto racional. " (Paulo, apóstolo.)


"Aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e o que perder a sua vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida ou causar dano a si mesmo? ou que dará o homem em troca da sua vida?"

Tudo progride. A evolução confirma-se tanto na ordem material como na espiritual.

Outrora a Humanidade pretendia ser agradável a Deus, ofertando-lhe vítimas, animais incinerados em altares de pedra adrede preparados para tal fim.

Imolavam-se continuamente novilhos, vitelas, bodes, cordeiros, rolas, etc, conforme a natureza do pecado a resgatar, ou segundo outra ordem de motivos que deternava as oblatas. Nos dias festivos multiplicava-se assombrosamente o número de vítimas sacrificadas ao culto divino.

Mais tarde, Jesus foi apresentado como a hóstia imaculada e pura, que espontaneamente se oferecera para ser imolada em propiciação dos pecados do mundo.

Deixou, portanto, de prevalecer dali em diante a necessidade de novos e repetidos sacrifícios cruentos.

Hoje, o Consolador vem advertir-nos de que os holocaustos não foram extintos, mas transformados. Deixaram de ser materiais como nas priscas eras do moisaísmo;

espiritualizados, agora, porém, continuam em pleno vigor, e são de absoluta necessidade para nossa salvação.

Não há mais a casta sacerdotal. Todos nós somos sacerdotes. Os altares de pedra foram substituídos pelos nossos corações. As vítimas que aí devem ser imoladas, sem interrupção, são as nossas paixões rasteiras, os nossos vícios, as volições e arrastamentos de nossa natureza inferior.

Nossos corações, convertidos em piras ardentes, devem consumir nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa hipocrisia, nossas vaidades, nossas ambições, nossa luxúria, para, assim acrisolados, nos elevarmos aos páramos de luz, aos tabernáculos eternos, onde nos esperam aqueles que já se depuraram nesse mesmo altar de redenção.

Outra espécie de sacrifícios, como qualquer sorte de culto externo, que se pretenda render ao Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, será rejeitado; nenhum aproveitamento trará para a obra da salvação. Um só culto racional existe: apresentarmo-nos a nós mesmos como um sacrifício vivo, escoimado de impurezas e maldades. Tudo o mais é vão e, como tal, inútil.