Nas Pegadas do Mestre

CAPÍTULO 55

O Filho de Deus



Porque se dizia Jesus, ora Filho do homem, ora Filho de Deus? Se ele era filho do homem, como podia ser filho de Deus? E se era filho de Deus, como podia ser filho do homem?

Há sabedoria nesta expressão do Senhor, como, aliás, em todas as palavras que proferiu.


Ele era filho do homem porque a Criação é uma só, obedece à mesma ordem, à mesma lei com relação a todos os seres criados. Não há privilégios, não há distinção: unidade de programa, unidade de gênese, unidade de destino; Jesus, portanto, em tal sentido, é o Filho do homem; e é o Filho de Deus porque desde que o Pai o sagrou como diretor espiritual deste orbe, a cuja fundação presidiu, nela colaborando, de há muito havia ele conquistado o reino dos Céus; de há muito se achava integralizado na vida eterna, na imortalidade. Daí o seu dizer: "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima. "

Jesus não é Deus, como pretendem os credos dogmáticos, nem tão-pouco é homem, no sentido vulgar, como querem as vãs filosofias negativistas. Entre o homem e Deus medeia um abismo, onde a vida palpita em seus mais belos esplendores. Se aquém da humanidade pululam os seres inferiores, debaixo de formas incontáveis, além da humanidade ostentam-se os seres superiores sob infinitos aspectos. Aquém e além da Terra verifica-se o mesmo fenômeno: a vida em seu movimento ascensional e triunfante.

Os extremos da simbólica escada de Jacob, por onde desciam e subiam anjos, perdem-se, dum lado no infinitamente pequeno, doutro lado no infinitamente grande.

O microcosmo e o macrocosmo revelam Deus.