"Então disse Jesus: Eu sou a luz do mundo; quem me segue, de modo nenhum andara em trevas; pelo contrario, terá a luz da vida. "
(Evangelho.)
Há vida espiritual, e há vida animal. Há pão para o corpo, e pão para o espírito. Da mesma sorte, há luz física, e há luz moral. A alma tem órgãos visuais como os tem o corpo.
O homem privado do sentido da vista é cego, como cego também é o homem cujos olhos do espírito estão anuviados, ou ainda se mostram inativos por falta de função.
É tão fácil descobrirmos o cego de luz moral como o cego de luz física ou material.
O andar de ambos, embora em planos diversos, é o mesmo, ressente-se de idênticos defeitos: é dúbio, incerto, cambaleante. Ambos dão guinadas à direita e à esquerda, ambos tropeçam amiudadas vezes; e, não raro, levam quedas tremendas. Não se dirigem por si, não se orientam livremente, em tudo dependem de alheia direção.
Onde há grande diferença entre as duas categorias de cegueira é nas consequências que delas decorrem.
Os desastres a que se expõem os cegos de espírito são incomparavelmente maiores, de efeitos muitos mais desastrosos e perduráveis.
Se indagarmos, com justeza, a origem dos grandes males que, em suas variadas modalidades, infelicitam os homens, encontramo-los na cegueira moral. A miséria, a enfermidade, o crime, a guerra, a depravação dos costumes encerram problemas que só à luz do espírito podem ser resolvidos, visto como tais flagelos têm suas raízes nas trevas da consciência.
Tudo que se faz, e se tem feito no sentido de debelar aqueles tormentos que perseguem a Humanidade, são paliativos que jamais alcançaram êxito. É necessário acender o lampadário interno, desenvolver as faculdades visuais da alma.
Essa trilha tortuosa, acima descrita, por onde se embrenha a mocidade, é o resultado inelutável da cegueira espiritual. Se ela tivesse "olhos de ver", não vaguearia a discrição das paixões, descambando assim pelo declive da corrupção que a degrada e avilta. E não é só a juventude; homens maduros, encanecidos até, dos quais era lícito esperar exemplos edificantes, apresentam-se atacados do mesmo vírus pestilento, da mesma amaurose que de todo inutiliza os órgãos da luz da vida.
Contudo, o mal não é irremediável. Pode ser curado mediante a restauração do Cristianismo nos corações. Urge fazê-lo quanto antes. Moços e velhos, homens e mulheres devem ser cristianizados. Em tal importa o remédio para a escuridão da alma, porque o Cristianismo é luz.
Há sol material e há sol moral. Um atende às necessidades do animal, outro às necessidades do espírito. Assim como a vida animal está presa às influências do calor, da luz e do magnetismo de um, assim também a vida do espírito está na dependência direta do calor da luz e do magnetismo do outro. Não há higiene física onde os raios solares não penetram livremente. Não há, a seu turno, higiene da alma onde o influxo da moral eterna revelada por Jesus Cristo não tenha livre e franco acesso.
Jesus é a luz do mundo, é o sol espiritual do nosso orbe. Quem o segue não andará em trevas. Quem o menospreza condena-se à cegueira da alma, essa cegueira capaz de precipitar o homem nos pelagos de insondáveis abismos.
FIAT LUX!