A cúria romana fêz publicar no "O Estado", sob a epígrafe "Instruções para a Quaresma", os seguintes preceitos: "Todos os católicos maiores de 21 anos, não legitimamente impedidos, são obrigados a jejuar com abstinência de carnes em todas as refeições, nos dias mencionados, isto é, no dia de quarta-feira de cinzas; na quinta-feira santa e em todas as sextas-feiras da Quaresma.
O jejum consiste essencialmente no seguinte: de manhã, ligeira refeição, que pode ser leite, chá, etc. Os ovos são proibidos em tal refeição.
Ao meio dia, jantar, ou só de peixe ou só de carne.
Nesta refeição podem entrar ovos. À noite, outra pequena refeição.
No entanto, Jesus estabeleceu uma doutrina diametralmente oposta a essa preconizada pela Igreja, como se depreende, de modo positivo e insofismável, do trecho que passamos a transcrever do Evangelho segundo S. Marcos, capítulo 7 — vers. 17 a 23.
Chamando Jesus a si toda a multidão, disse: ouvi-me vós todos e compreendei: Nada há fora do homem que, sendo por ele ingerido, o possa contaminar, mas o que sai do homem é que o contamina e macula.
Se alguém tem ouvidos de ouvir, ouça.
Quando deixou a multidão, e se recolheu com seus discípulos, estes o interpelaram acerca daquelas palavras, para eles, parabólicas. E Jesus então disse: "Assim também, vós estais sem entendimento?
Como se vê, os preceitos de Jesus são a antítese dos de Roma. Os primeiros falam à nossa razão; os segundos visam apenas a impressionar os sentidos. Jesus quer a essência, enquanto que Roma se contenta com as aparências. Roma é a matéria; Jesus é o espírito.
Escolhamos, portanto, entre Roma e Jesus, visto como não podemos servir a dois senhores, quando as doutrinas que eles nos recomendam são de tal natureza opostas que se contradizem e se anulam reciprocamente.