Aqui vai minha resposta, Meu caro Lico Assunção, Quanto ao que vejo no Além, No estudo da incompreensão. O tema, em si, é tão sério Que em toda e qualquer idade, A história da incompreensão É a história da Humanidade. Discórdias e dissensões Em que o ódio se encastela, E a guerra — o horror de milhões —, São sombras que vivem nela. Há quem tome a incompreensão Por assunto sem valor, No entanto, vejo-a daqui Por fluido destruidor. Nascida da ignorância Da Vida Espiritual, É a sombra que se condensa Gerando a sombra do mal. Agride, acusa, vergasta, Separa, fere, suspeita, E quase sempre se oculta Por delinquência perfeita. Parece um caldo de lodo Tocado de força extrema; Nele, as moléstias do orgulho Proliferam sem problema. Não é só para a doença Que essa treva se despacha, Onde alguém lhe dê guarida, Vai complicando o que acha. Você recorda o Antonico: Vendo a esposa com Porfiro, Sem entender-lhes a prosa, Matou a mulher num tiro. Sem saber que Ana ajudava Ao pai oculto em Lajão, Géo julgando-se enganado, Suicidou-se sem razão. Entretanto, a incompreensão Dando força ao que não é, Opera com mais destreza Nas grandes obras da fé. Fundou-se o Grupo Fraterno, Na Fazenda dos Macacos; Incompreensão deu de cima, O Grupo jogou-se aos cacos. Era médium das melhores Dona Liquita Valença, Porque poucos a entendessem Largou-se de toda crença. Era homem de oração, O nosso Balbino Jece; Incompreensão veio a ele, O moço fugiu da prece. Nobres senhoras fizeram O Educandário Harmonia; Incompreensão revelou-se, A escola acabou num dia. Era bom médium de curas O nosso Adalvino Adão Incompreendido entre amigos, Perdeu-se na obsessão. Juca era médium servindo Numa limpeza sem jaça; Recebendo incompreensão, Derivou para a cachaça. Era apontada em missão Nossa médium Leodegária; Incompreensão veio ao grupo, Apagou-se a missionária. Lia, médium de cabine, Produzia voz direta; Incompreensão discutiu, A moça ficou pateta. Escrevia lindos textos A médium Joana Azevedo; Encontrando a incompreensão, Fugiu do lápis com medo. Dedicando a vida aos passes, Era grande o João José; Escutando a incompreensão, O rapaz perdeu a fé. É isto aí, caro irmão… Por tudo o que tenho visto, Para curar essa chaga, Precisamos mais de Cristo. Só se cura a incompreensão Pela farmácia do bem, Formada no amor de Cristo Que não despreza a ninguém. Dos remédios mais aceitos, Que não se aplicam em vão, São eles: serviço, paz, Bondade, apoio, perdão… Quanto ao mais, tudo se explica, Neste conceito comum: Incompreensão sem amor Arrasa com qualquer um. |