Notas do Além, quanto à brigas, Prezada Tereza Marta, É aquilo que você pede No texto de sua carta. Existe uma briga boa, É aquela de que provém A ideia de se fazer A paz, o progresso, o bem… Algum de nós tem um plano Para a vida em derredor, Surge alguém apresentando Um plano muito melhor… Escutam-se bate-bocas, Pareceres diferentes, Amarguras momentâneas, Companheiros descontentes… Parece uma tempestade… Toda a equipe em convulsão… Mas se o bem palpita em todos, O conflito não foi vão. Afirma-se a caridade, A tolerância aparece, A humildade acende a luz No combustível da prece. Ressurge o clima do amor Na paz que se lhe consente, A briga deixa de ser E o trabalho segue à frente. Esta é a rixa proveitosa Em que o melhor se detém, Construindo e restaurando Sem prejuízo a ninguém. Entretanto, o desacordo No capricho pessoal É sempre invasão das trevas Trazendo a forca do mal. Nós mesmos, quanto ao assunto, Ao tempo que nos alcança, Temos histórias amargas Arquivadas na lembrança. Matilde brigou com Nélia Em rumorosa contenda, Com três mortes sem razão Nos colonos da fazenda. Zequinha entestou com Lopes Disputando bagatela, Depois fizeram as pazes… Quem morreu foi Felisbela. Recorde as velhas demandas No Roçado da Mutuca… Com tiro vai, tiro vem, Morreu a filha de Juca. De tanta luta em família Enlouqueceu Dona 1rene, Ateando fogo em casa A jorros de querosene. De tanto atrito no lar, Na Fazenda Serafina, Neneco perdeu a casa Com fósforo em gasolina. A briga nas boas obras Com problemas de alarmar, São outras tantas histórias Que precisamos lembrar. O Centro da Caridade Por brigas de Conceição, Depois de tanto trabalho Acabou de supetão. O Círculo da Bondade Feito por damas de prol, Apagou-se pelas brigas De Donana do Paiol. Irmão Nico ergueu o grupo: — “A Paz Que Nunca Se Atrasa” — Mas brigou com tanta gente Que arrasou a própria casa. Havia um Grupo de Estudo, Na antiga Mata das Flores, A briga enrolou a escola Em chusmas de obsessores. Brigava tanto, mas tanto, O nosso irmão Nicolau, Que após seis anos de prece, Transformou-se em bate-pau. É isso aí, minha irmã, No lugar em que estiver, Aja muito, fale pouco, Faça o melhor que puder. Quanto ao mais, no dia a dia, Fique ligada no bem, Que a briga, de qualquer modo, Não dá camisa a ninguém. |