Caro Mateus, sua carta Que tanto carinho encerra Pergunta o que penso agora Em torno ao corpo da Terra. Pergunta muito importante A sua pergunta amiga, Traz à baila em nosso estudo Uma questão muito antiga. Não sei porque tantos sábios Em tempos que já se vão, Atiravam sobre o corpo, Injúria e condenação. Muita gente acreditava Que desde a infância à velhice, Fosse o corpo responsável Por todo o mal que se visse. No entanto, estragar o corpo, A pretexto de elevar-se, É um erro sem contradita, Contrassenso sem disfarce. Não se vê em parte alguma Em qualquer desastre à vista, Um carro a desgovernar-se, Agindo sem motorista. Por outro lado se um carro Vive encostado e sem nome É um corpo desabitado, Que o pó vergasta e consome. Na escola da evolução, O corpo é cabine ou cela… A evolução traz a luz, Ninguém avança sem ela. Por menosprezo do corpo E obrigação esquecida, Em todo lugar do mundo Muita gente perde a vida. Recorde a nossa Laurinda, Quis viver só de jejum, Padeceu sem precisão, Morreu sem proveito algum. Andando em maceração Para ser feliz no Além Teve morte prematura Dona Zilica Belém. Gina ao dizer-se com Deus, Vivia de manga e jaca, Por fim no instante da morte Pedia carne de vaca. Afirmando-se em virtude, Castigava-se o Clemente, Um dia largou-se ao mundo, Assustando a muita gente. Em sacrifício por nada, O nosso Lico Sertório Dizia buscar o Céu E acabou no sanatório. Alegando crença e regra O nosso amigo Apuleio, Condenava o próprio banho… Morreu por falta de asseio. Julgando-se em perfeição, O nosso Anísio Amorim, Começou passando fome, Morreu comendo capim. Em pregações contra o corpo Viveu Sinhana Tereza, Passou muita privação E arrasou-se na fraqueza… O corpo sem disciplina Sofre desvios fatais, Mas o freio é bom amigo Sem ser aperto demais. Diz a Lei por toda parte De forma clara e concisa: Cada pessoa no mundo Tem o corpo que precisa. Quanto ao mais nessa matéria, Atenda, caro Mateus: Guarde o corpo com cuidado Que o corpo é bênção de Deus. |