Em todos os desajustes humanos e em todas as calamidades sociais que atormentam o mundo, é imperioso não esquecer que o problema essencial somos ainda nós mesmos.
O lar, em verdade, é sublime organização que assegura as bênçãos da vida, mas se os cônjuges responsáveis por seus fundamentos não abraçam o sacrifício, na edificação dos próprios filhos, o instituto doméstico será tão somente um asilo de corpos em trânsito para a incessante renovação.
O templo é obra celeste no chão planetário objetivando a elevação da criatura; entretanto, se o sacerdote chamado a conduzi-lo não sabe renunciar, a favor dos outros, em vão se erguem altares e se improvisam sermões.
O educandário é uma casa de luz nas sombras da Terra; contudo, se o professor trazido a valorizá-lo não sabe sofrer pela felicidade dos aprendizes, debalde enfileirar-se-ão monumentos e programas de ensino.
O tribunal é um santuário para a manifestação da justiça; no entanto, se o magistrado que lhe preside as ações não se honra no culto da reta consciência, inutilmente surgirão leis e processos para a exaltação do equilíbrio.
O hospital é refúgio santo destinado ao socorro da Humanidade enfermiça, mas se o médico responsável por sua manutenção foge ao espírito de serviço, sem qualquer proveito aparecerão remédios e tratamentos.
O campo é o celeiro vivo do pão que sustenta a mesa; todavia, se o lavrador chamado a sulcá-lo deserta do suor e da enxada, com que lhe cabe nutri-lo, em vão o milagre das sementes se repetirá sob a inspiração da Divina Bondade, em favor da carência humana.
Em todo problema aflitivo da Terra, portanto, lembremo-nos de que a solução do progresso e da paz principia em nós, de vez que realmente a ordem é de todos e a felicidade é felicidade geral, quando a ordem e a felicidade começam em cada um.