Afinal, meus irmãos, de quem seria o crime? Daquele, cujo braço impôs a morte Ao coração de alguém? Ou desse mesmo coração caído, Que inerte e mudo agora se mantém? A quem se atiraria a mancha em rosto? À vítima tombada? ao verdugo suposto? Ou será que outro alguém. É o verdadeiro autor dessa agonia alheia, Escondido na sombra, À feição de uma aranha em sua própria teia? Compreendido, porém, Que o crime sempre nasce De uma ideia feroz, Quem teria pensado nele, antes? Os outros? Talvez nós? Quem lhe teria dado a forma de começo Na roupagem de alguma frase louca? O inimigo, o vizinho, o companheiro Ou nós mesmos com a nossa própria boca? De permeio à incerteza e à insegurança, Sem que se saiba, ao certo, onde a culpa é nascida, Transformemos o amor numa f ante perene Que dissipe na Terra as angústias da vida. E se alguém surge em falta, Recordemos Jesus, onde a censura medra: — Aquele que estiver sem sombra de pecado, Lance a primeira pedra. (Jo |