Crianças no Além

Prefácio de Emmanuel



Por que a desencarnação de crianças, vidas taladas em flor?

Muitos problemas observados exclusivamente do “lado físico”, assemelham-se a enigmas de solução impraticável; entretanto, examinados do ponto de vista da imortalidade e do burilamento progressivo da alma, reconhecer-se-á que o Espírito em evolução pode solicitar conscientemente certas experiências ou ser induzido a elas em benefício próprio.


Nas realizações terrestres, é comum a vinculação temporária de alguém a determinado serviço por tempo previamente considerado.

Há quem renasça em limitado campo de ação para trabalho uniforme em decênios de presença pessoal e há quem se transfira dessa ou daquela tarefa para outra, no curso da existência, despendendo, para isso, de quotas marcadas de tempo. Encontramos amigos que efetuam longos cursos de formação profissional em lugares distantes do recanto em que nasceram e outros que se afastam, a prazo curto, da paisagem que lhes é própria, buscando as especializações de que se observam necessitados. E depois dos empreendimentos concluídos, através de viagens que variam de tipo, segundo as escolhas que façam, ei-los de regresso aos locais de trabalho em cuja estruturação se situam.

Esta é a imagem a que recorremos para que a desencarnação de crianças seja compreendida, no Plano Físico, em termos de imortalidade e reencarnação.


Marcos é o companheiro em readaptação na 5ida Maior, após haver deixado o corpo de menino num acidente de trânsito.

Ainda a sentir-se criança, no degrau evolutivo em que se acha, escreve aos pais, de modo comovedor, trazendo notícias dele mesmo e dos irmãos que se lhe associaram à prova.

A palavra simples e eloquente do garoto amigo, a identificar-se, quanto possível, para reconforto dos entes queridos, aqui se encontra, demonstrando que, além da morte do corpo, o Espírito prossegue atendendo aos condicionamentos indispensáveis à conquista da evolução que não dá saltos.


Marcos menino — continuará Marcos menino —, por algum tempo, na Espiritualidade, qual acontece ao Espírito, mesmo quando procede de Altos Cimos da Vida Superior, ao retornar à Terra, para certos fins, sempre compelido a passar pela estação da infância.

Mas, muito acima de nossas modestas argumentações, o que vale neste livro é o consolo iluminado de esperança que ressuma destas páginas, não somente para os genitores do comunicante, mas também para aqueles outros pais e mães do mundo que perderam filhos amados no alvorecer da existência.

Marcos, o suave mensageiro, deixa claro que a vida prossegue no Mais Além; que novas áreas de assistência se descerram depois da experiência física, em auxílio dos pequeninos carecentes de instrução e ternura; que os laços afetivos não desaparecem e que Deus concede filhos aos pais humanos, não a fim de separá-los para sempre, e sim para que, na vida ou além da morte, haja entre eles a bênção da união eterna com a luz perene do amor.



Uberaba, 3 de outubro de 1976.




Apresentação



A mensagem do pequeno Marcos foi psicografada por Francisco Cândido Xavier no dia 12 de dezembro de 1975, dez meses após o seu falecimento.

Marcos Hideo Hayashi, com doze anos e os irmãos, João Batista Hayashi, onze anos e Sheila Tieko Hayashi, com sete anos, desencarnaram no dia 9 de fevereiro do ano passado, em acidente na 5ia Anhanguera, próximo a Perus, onde residiam. Eram os únicos filhos de Ukuru Hayashi e de D. Elite Diogo de Oliveira Hayashi.

Em rápidas pinceladas, vamos situá-lo, leitor amigo, no drama familiar, envolvendo os pais e os três filhos, desde um pouco antes do acidente que vitimou as crianças até o recebimento da mensagem do Marcos por Chico Xavier.



São Bernardo do Campo, 3 de outubro de 1976.