Dádivas de Amor

Capítulo VIII

A última aula



Sofre pregado à cruz o Inesquecível Mestre,

Lembrando quanto viu na jornada terrestre.


Vê-se menino a arguir os sábios da cidade,

Mostrando a inteligência a brilhar na humildade.


Mentaliza Caná, onde aumenta a alegria

Na formação de um lar que nunca possuiria.


Recorda irmãos na fé, quais Pedro, João, Tiago,

E os amigos fiéis às pregações do lago.


Passa por privações sem que a dor o esmoreça,

Não tem uma só pedra em que apóie a cabeça.


Lembra o deserto hostil… Na prece em que se enleva,

Ensina paz e fé às legiões da treva.


Revê a multidão que o respeita e acompanha,

Quando transmite à Terra o Sermão da Montanha.


Vê lugar por lugar, nos longes a que ia,

Espalhando a bondade, o socorro, a alegria…


Mas agora, na cruz, amargurado e pasmo,

Escuta palavrões de ironia e sarcasmo…


E diz, sentindo o fel que as injúrias lhe trazem:

— “Perdoa-lhes, meu Pai!… Não sabem o que fazem!…


Ele que se entregara à caridade inteira,

Faz do perdão mais luz na aula derradeira.


É que todo perdão, sem queixa e sem medida,

É conquista de Paz nos problemas da Vida.